29. A redução do
espasmo muscular pela crioterapia deve-se à diminuição:
A) do limiar das
terminações nervosas aferentes e da sensibilidade dos fusos
musculares.
B) do fluxo sanguíneo
para as fibras musculares.
C) da regulação
central do tônus muscular.
D) na redução do
transporte de cálcio pelas membranas das fibras musculares.
E) na diminuição da
função nociceptiva.
De acordo com Umphed
(1994) o gelo prolongado produz redução na hipertonicidade por
reduzir a neurotransmissão de impulsos aferentes e eferentes. A
velocidade de condução nervosa periférica tanto em fibras
mielínicas largas quanto em amielínicas pequenas reduz 2,4
milisegundo por grau Celsius (ºC) de esfriamento; como resultado, a
percepção da dor e contratilidade muscular diminuem. A
responsividade do fuso muscular ao alongamento diminui; como
resultado, diminui o espasmo muscular.
De acordo comentário
do Lucas aqui neste post, essa questão contém um erro. Se a
crioterapia diminui o “limiar” da terminação nervosa, ela
aumenta o espasmo, porque a fibra ficaria mais facilmente excitável.
Para simplificar isso,
e apenas com essa finalidade, substituam o termo “limiar” pelo
termo “ponto”. Ou seja, se o gelo diminui o “ponto” de
excitação da terminação nervosa, ela é mais facilmente
estimulada, e seu estímulo é transmitido ao fuso neuromuscular,
aumentando o espasmo muscular. Mas só usem essa substituição de
“limiar” por “ponto” aqui, para facilitar, não serve na
maioria de outros contextos.
A FUNRIO é
inespecífica na maioria das vezes, então temos que “relevar”
muita coisa para chegar à resposta certa. Foi o que fiz, sem me
explicar.
Concordo com o Lucas,
essa questão poderia ser anulada, desde que se levasse em conta na
elaboração do recurso que o termo “limiar” não aparece
definido por “excitabilidade”, e que essa omissão poderia ser
considerada como proposital pela banca.
Mesmo forçando a
barra, e substituindo a “velocidade de condução” por “limiar
de condutibilidade”, se a crioterapia diminuir seu limiar, também
estaria incorreta.
Mas, olhando por um
outro lado, entre as alternativas, não há nenhuma outra viável de
se responder no lugar da “A”, então imaginaria que a banca busca
justamente confundir e marcaria a “A” mesmo. Caso a resposta seja
outra, entraria com recurso mostrando que todas as demais são
incorretas.
Rápida revisão:
Potencial de repouso
(potencial transmembrana)
Devido à diferença de
concentração entre os meios intra e extracelular forma-se uma
diferença de potencial entre o interior da célula e o meio
extracelular.
Este valor é em média
= -0,85 mv e recebe o sinal- por convenção (o interior da célula
tem grande quantidade de ânions protéicos). Nessa situação a
célula é dita polarizada. Essa característica é comum a todas as
células do organismo na ausência de estímulos eficazes.
Excitabilidade celular
É a propriedade que a
célula possui de alterar o seu potencial de repouso quando submetida
a estímulos eficazes.
Despolarização
celular: entrada de sódio
Quando uma célula
recebe um estímulo eficaz ocorre um aumento da permeabilidade (g) do
íons sódio (abrem-se os portões dos canais de sódio).
O Na+ entra na célula
a favor do gradiente de concentração levando consigo cargas
positivas e gerando uma ligeira despolarização local. Essa
despolarização, por sua vez, aumenta ainda mais a permeabilidade ao
sódio fazendo com que grandes quantidades deste íon entre na
célula. Esse fenômeno é chamado despolarização celular e ocorre
até que a célula atinja valores entre 10 e 60 mv com um valor médio
de +30 mv.
Esse ponto é
denominado potencial de Overshoot e faz com que ocorra a inativação
do fluxo de sódio que cessa a sua entrada na célula. Na verdade a
despolarização celular é um processo de inversão da polaridade.
Processo de ativação
do Na ou ciclo de Hodgkin ou retroalimentação positiva para o Na
despolarização>
alteração na est da membrana > aum g Na+ > influxo de Na+>
despol.
Repolarização
Celular: saída de potássio
Aproximadamente um
milisegundo após a despolarização celular, ocorre um aumento da
permeabilidade ao potássio que sai da célula a favor do gradiente
de concentração (difusão simples) levando consigo cargas positivas
e fazendo com que o potencial caia novamente a valores negativos.
Esse processo é denominado repolarização celular. Após esse
processo a célula volta a apresentar o seu valor normal de potencial
de repouso (-85 mv); porém, as concentrações de Na+ e K+ estão
invertidas. A bomba de sódio e potássio repõe as concentrações
normais destes íons tornando a célula apta a responder a um novo
potencial de ação.
Hiperpolarização
celular: saída excessiva de potássio
Em algumas células
durante o processo de repolarização celular, a diferença de
potencial pode baixar a valores maiores que -85 mv. Esse fenômeno
dura apenas milésimos de segundo e imediatamente a célula volta a
apresentar o seu potencial de repouso normal.
A hiperpolarização
ocorre devido a grande permeabilidade da célula aos íons potássio.
Potencial de Ação
(PA)
Variações no
potencial de membrana pela qual a célula passa durante a transmissão
ao longo da fibra nervosa, também chamado impulso elétrico ou
nervoso. Para que ocorra um Potencial de açãoA numa célula vamos
fazer a soma de todos potenciais que atuam na célula naquele momento
(ex: -59 mv dispara PA do tipo tudo ou nada; se não chega a este
valor se diz que o neurônio está facilitado).
Condução da onda de
despolarização
A propagação da onda
de despolarização é bidirecional na célula nervosa e
unidirecional na via nervosa. Em neurônios mielinizados a condução
é dita saltatória, o que faz com que o estímulo se propague mais
rapidamente e com menos gasto de ATP.
Os neurônios
não-mielinizados são isolados pelos prolongamentos do citoplasma da
célula de Schwann.
A repolarização de
uma célula inicia sempre no mesmo local em que ela foi
despolarizada.
Tipos de estímulos
-sublimiares: estímulos
incapazes de gerar Potenciais de Ação. Geram apenas pequenas
respostas locais não-propagaveis.
- limiares: menor
estímulo capaz de gerar um Potencial de Ação.
- supralimiares:
desencadeiam PAs que possuem a mesma amplitude dos potenciais gerados
pelos estímulos limiares.
Características dos
Potenciais de Ação
- princípio do tudo ou
nada: a célula nervosa responde de forma máxima a estímulos
limiares e supralimiares, e gera respostas locais não propagadas a
estímulos sublimiares, ou seja, o aumento na intensidade de
estimulação não aumenta nem a amplitude nem a velocidade de
condução.
- somação temporal:
quando dois ou mais estímulos sublimiares forem aplicados num
intervalo menor que 1 ms, esses estímulos podem se somar e
desencadear um PA.
- somação espacial:
quando dois ou mais estímulos sublimiares forem aplicados
simultaneamente e bem próximos, eles podem se somar e desencadear um
PA.
- período refratário
absoluto: dura de 0,4 a 1 ms após a gênese do PA. Nesse período a
célula não apresenta a sua característica de excitabilidade, ou
seja, não é capaz de responder a nenhum tipo de estímulo nervoso
mesmo que ele seja supralimiar.
- período refratário
relativo: dura de 10 a 50 ms após a gênese do PA. Nesse período as
respostas somente poderão ser geradas quando da aplicação de
estímulos supralimiares.
Velocidade da condução
A velocidade de
condução é maior quanto maior for o diâmetro da fibra nervosa. Em
neurônios mielinizados a condução é mais rápida que nos
não-mielinizados. Basicamente, as fibras nervosas podem ser
divididas em 3 grupos:
- tipo A: mielinizados
com grande diâmetro. Condução mais rápida.
- tipo B: mielinizados
com diâmetro pequeno
- tipo C: amielinizados
com diâmetros pequenos e discretos. Condução mais lenta.
Processo de transmissão
nas sinapses
O PA chega ao elemento
pré-sináptico e gera um aumento de permeabilidade ao Ca++ que por
difusão simples entra no elemento pré-sináptico e por um mecanismo
ainda desconhecido faz com que as vesículas sinápticas liberem o
neurotramsmissor na fenda sináptica (exocitose). A grandeza do PA
determina a quantidade de Ca++ que entra e que, por sua vez,
determina a quantidade de neurotransmissores liberados. Os
neurotramsmissores ligam-se aos receptores de membrana pós-sinápticos
determinando a abertura dos portões e podendo gerar dois tipos
diferentes de potenciais.
- tipo 1: se ocorrer
aumento de permeabilidade ao sódio haverá uma despolarização e
será gerado um PPSE (potencial pós-sináptico excitatório)
- tipo 2: se ocorrer
aumento de permeabilidade ao potássio o elemento pós-sináptico
ficará hiperpolarizado e formará um PPSI (potencial-pós sináptico
inibitório)
Esses potenciais
pós-sinápticos são potenciais locais e passíveis de soma, ao
contrário do potencial de ação que responde a lei do tudo ou nada.
Quando os potenciais pós-sinápticos atingirem o limiar de excitação
(-59 mv) será desencadeado no neurônio pós-sináptico um potencial
de ação do tipo tudo ou nada. Esse potencial irá percorrer o
axônio até o botão sináptico iniciando o processo químico de
transmissão sináptica.
Quanto maior for a
frequência do PA, maior é o aumento da permeabilidade ao Ca++, mais
cálcio entra e maior a quantidade de neurotransmissor liberado.
Alternativa assinalada
no gabarito da banca organizadora: A
Alternativa que indico
após analisar: Nenhuma
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