Faculdade Mario Schenberg

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

FUNRIO – SESDEC/RJ 2008 – Questão 21

21. Podemos atribuir ao tronco cerebral o controle de várias funções, exceto:

A) crescimento.

B) equilíbrio.

C) respiração.

D) cardiovascular
E) gastrointestinal

sinapses

O hormônio do crescimento, ou GH (growth hormone), também chamado de somatotrofina ou somatotropina (ST), é sintetizado e secretado pela hipófise, ou seja, está fora do tronco encefálico, e não há nenhuma estrutura com função parecida no tronco encefálico. Essa alternativa já responde a questão, mas vejamos as demais.

Na alternativa “B”, quanto ao equilíbrio, pode gerar confusão, pois lembramos imediatamente da influência do cerebelo, que também atua na manutenção do equilíbrio, mas não se pode esquecer do vestíbulo-coclear. Alm desse nervo, localizados no tronco encefálco, os núcleos reticulares–pontinos excitam e os bulbares inibem os músculos antigravitários da coluna vertebral.

Na alternaiva “C”, o bulbo controla a frequência e a amplitude da respiração, e também os batimentos cardíacos, alternativa “D”. O tronco encefálico exerce ação parcial sobre o cotrole gastrointestinal., alternativa “E”.

NEUROANATOMIA – TRONCO ENCEFÁLICO

O tronco encefálico é formado pelo bulbo, ponte e pelo mesencéfalo, seguindo o sentido ínfero-superior respectivamente. Estas estruturas, parte fundamental para a sobrevivência (cérebro primitivo), estão situadas na fossa posterior do crânio, conectando a medula espinhal com o cérebro anterior propriamente dito.

Funcionalmente o tronco encefálico serve para conduzir tratos do cérebro para periferia como também da periferia para a porção central do sistema nervoso central; o tronco possui diversos núcleos (acúmulos de neurônios) sendo responsáveis por controles sofisticados ditos reflexos, como respiração, freqüência cardíaca, tônus vascular, tônus intestinal e vesical, dentre outros. Por fim, o tronco encefálico possui os núcleos dos pares de nervos cranianos III ao XII, excetuando-se o I e II (olfatório e óptico respectivamente).

1. Bulbo

bulbo1

O bulbo é o elo de ligação entre a porção final do tronco encefálico com a porção inicial da medula espinhal. Muitos autores fazem a separação entre bulbo e medula oblonga, sendo esta última uma porção terminal do bulbo propriamente dito e uma porção inicial da medula cervical. Topograficamente, a junção ocorre ao nível do forame magno (origem da raiz nervosa anterior e posterior do primeiro nervo espinhal cervical).

O bulbo assume um aspecto macroscópico cônico, com sua base maior ficando superiormente, onde haverá expansão para formação do espaço que será denominado IV ventrículo. O canal medular seguira no sentido descendente. Como componentes anteriores do bulbo devemos localizar a fissura mediana anterior, continuando-se com a fissura mediana anterior da medula (já citada no capítulo anterior). Bilateralmente a essa fissura mediana anterior, encontramos as pirâmides bulbares (contendo os feixes do trato córtico-espinhal), as pirâmides tornam-se mais finas inferiormente dando origem as decussações das pirâmides (local onde os feixes nervosos cruzam para o lado oposto). Posteriormente às pirâmides encontramos, também bilateralmente, as olivas (elevações ovais) – núcleos olivares. No sulco situado entre as olivas (contém o trato córtico-nuclear e córtico-espinhal) e as pirâmides encontramos as radículas do nervo hipoglosso (XII par craniano). Ainda posteriores às olivas encontramos os pedúnculos cerebelares inferiores, observados na tomografia computadorizada (TC). Ainda com relação à topografia, devemos notar que entre as olivas e os pedúnculos cerebelares inferiores emergem as radículas dos nervos cranianos glossofaríngeo e vago (IX e X par, respectivamente).

IMPORTANTE: As radículas do nervo hipoglosso são as únicas a originarem-se da porção mais anterior do bulbo!! As demais raízes emergem posteriormente ao bulbo (IX, X e XI pares cranianos).

A superfície posterior do bulbo, em sua porção superior, formará o assoalho do IV ventrículo, já sua porção mais inferior se continuará com a medula espinhal: essa porção apresentará, como já visto no capítulo sobre medula espinhal, o sulco mediano posterior dividindo a medula espinhal posterior em fascículo grácil (medialmente) e cuneiforme (lateralmente).

Na região da decussação das pirâmides, vale destacar que ¾ das fibras motoras do trato córticoespinhal sofrem essa inversão de fibras para o lado contralateral, agora, como trato cortiço-espinhal lateral. Os núcleos grácil e cuneiforme são expansões arredondadas situadas na porção póstero-superior do bulbo. Um corte transverso da metade inferior do bulbo, acima da decussação das pirâmides, encontramos a decussação dos lemniscos, maior decussação sensorial, formada pelas fibras arqueadas internas. Os tratos espino-talâmicos lateral e anterior como também o trato espinotectal passam lateralmente à decussação do lemnisco. Já os tratos espinocerebelar, vestíbulo-espinhal e rubro-espinhal passam ânterolateralmente ao bulbo.

Nível das Olivas: num corte transverso observamos aumento na quantidade de substância cinzenta, correspondendo aos núcleos dos nervos VIII, IX, X, XI, XII e arqueados.

Núcleos Ambíguos: são grandes neurônios motores, situados profundamente à formação reticular, as fibras nervosas emergem deste núcleo juntando-se aos nervos glossofaríngeo e vago e porção craniana no nervo acessório (inervam os músculos esqueléticos – voluntários).

Algumas estruturas deverão ser reconhecidas nesse momento: observando-se o tronco da porção medial para porção lateral encontraremos o núcleo do hipoglosso, núcleo dorsal do vago, núcleo do tracto solitário (NTS) e núcleos vestibulares mediais e inferiores. As estrias medulares também poderão ser visualizadas na porção posterior do bulbo, separando as chamadas áreas vestibulares. O trígono do nervo hipoglosso esta superiormente ao trígono do nervo vago, ambos, superiormente ao óbex (triângulo terminal). Em íntimo contato com o óbex, em seu assoalho, também encontramos região relacionada ao reflexo do vômito, sendo ela a área posterior(postrema) do assoalho do IV ventrículo (funículo separans).Vale ainda destacar que a formação reticular constitui-se em misturas difusas de fibras nervosas com pequenos grupos de células que representa apenas uma parte de um sistema “on-off cerebral” situados também na ponte e no mesencéfalo.

2. Ponte –

ponte3
A ponte situa-se anteriormente ao cerebelo, conectando-se com o bulbo (inferiormente) e com o mesencéfalo (superiormente). Observamos em sua superfície fibras ligando um hemisfério cerebelar ao outro (por isso a denominação ponte). Sua maior dilatação, visualizada posteriormente, é denominada pedúnculo cerebelar médio. Anteriormente visualizamos um sulco, relativamente profundo, denominado sulco da artéria basilar já que conterá a própria artéria basilar, ramo da anastomose das duas artérias vertebrais. Lateralmente à porção anterior da ponte visualizamos as raízes motoras (menor) e sensoriais (maior) do nervo trigêmio. Entre a ponte e o bulbo, há um sulco denominado sulco bulbo-pontino contendo os nervos abducente (medial) e nervo facial (lateral) além do nervo vestíbulo-coclear situado mais lateralmente ainda em relação ao nervo facial. A porção posterior da ponte forma a porção superior do assoalho do IV ventrículo sendo formada por: pedúnculos cerebelares superiores (porção superior), sulco mediano (divide a ponte em duas metades simétricas). Há uma elevação lateral ao sulco mediano denominada eminência medial, limitada lateralmente pelo sulco limitante. A porção inferior da eminência medial é dilatada formando o colículo facial (raiz do nervo facial). Ainda, lateral ao sulco limitante encontramos o locus ceruleos e a área vestibular.

A ponte é dividida internamente por uma porção anterior, corpo trapezóide e uma porção posterior, o tegmento. O corpo trapezóide (lemnisco medial e fibras de conexão para o cerebelo) é formado por fibras derivadas dos núcleos cocleares e dos núcleos do corpo trapezóide. Essas fibras cruzam transversalmente pela porção anterior ao tegmento. A porção basilar desta porção da ponte contém pequenos núcleos (núcleos pontinos) que mais tarde unirão o cérebro ao cerebelo (via principal de conexão). Já a porção mais cranial da ponte contém além das formações citadas anteriormente os núcleos (motor e sensorial) dos nervos trigêmio, pedúnculos cerebelares inferiores, lemnisco espinhal e lateral.

3. Mesencéfalo –

mesencefalo1

O mesencéfalo conecta a ponte ao cérebro anterior. O mesencéfalo é atravessado pelo aqueduto do mesencéfalo ou aqueduto de Sylvius ou ainda, aqueduto cerebral, sendo uma via de passagem para o líquido cefalorraquidiano do III para o IV ventrículo. Em sua porção posterior encontram-se os 4 colículos: dois colículos superiores (relacionados à visão) e dois colículos inferiores (relacionados à audição), ambos formando a lâmina quadrigeminal. Abaixo dos colículos emergem os nervos trocleares (IV par), enrolando-se em torno do mesencéfalo. Braços emergem no sentido ântero-lateral ao mesencéfalo correlacionando o colículo superior ao corpo geniculado lateral do tálamo (tracto óptico), enquanto que o braço inferior interliga o colículo inferior ao corpo geniculado medial do tálamo (tracto auditivo). Na porção anterior do mesencéfalo há uma depressão profunda denominada cisterna interpeduncular, limitada bilateralmente pela cruz do cérebro. Muitos vasos sanguíneos perfuram o assoalho da cisterna interpeduncular formando a substância perfurada anterior. O nervo oculomotor emerge da porção medial dos pedúnculos cerebrais.

O mesencéfalo possui dois pedúnculos cerebrais (porção anterior) e o tegmento (posterior) separados por uma faixa de substância cinzenta, denominada substância negra. O tecto do mesencéfalo é a porção do mesencéfalo posterior ao aqueduto cerebral, compreendendo o núcleo dos colículos. Ao redor do aqueduto do mesencéfalo encontramos uma área de sustância cinzenta denominada substância cinzenta periaquedutal.

O nervo troclear sai do núcleo troclear, circundando a substância cinzenta periaquedutal e decussando ao nível do véu medular superior. A formação reticular do mesencéfalo é menor do que a da ponte.

A substância negra é uma grande quantidade de núcleos de neurônios multipolares relacionando-se com os núcleos da base, medula espinhal e com o hipotálamo. O pedúnculo cerebral contém fibras como as córtico-espinhais e as córtico-nucleares.

Os colículos superiores conectam-se com os corpos geniculados laterais do tálamo sendo responsáveis pelos reflexos luminosos (miose). A via aferente termina do núcleo pré-tectal que ativam os núcleos parassimpáticos no nervo oculomotor (núcleo de Edinger-Westphal), seguindo a ativação para o núcleo oculomotor. O III nervo, então passa por cima do núcleo rubro para emergir na face medial dos pedúnculos cerebrais (fossa interpeduncular).

O núcleo rubro é uma massa de células (neurônios) situadas entre a substância negra e o aqueduto cerebral. Trata-se de um núcleo de cor avermelhada já que possui extensa vascularização e abundância em ferro. Fazem conexões com as fibras córtico-espinhais, com os pedúnculos cerebelares superiores, com o núcleo lentiforme, subtalâmico, hipotalâmico, da substância negra e da medula espinhal. Suas eferências incluem o trato rubro-espinhal, rubro-reticular, rubro-talâmico e rubro-nigral.

http://www.sistemanervoso.com/pagina.php?secao=1&materia_id=358&materiaver=1

http://www.auladeanatomia.com/neurologia/troncoencefalico.htm

Alternativa assinalada no gabarito da banca organizadora: A

Alternativa que indico após analisar: A

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