Sem dúvida, uma das
maiores angústias de pais de crianças com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) é a falta da comunicação. Como descobrir o que a
criança quer e que o não quer? De que maneira estabelecer laços
com um indivíduo isolado em seu mundo?
A Musicoterapia é para
a criança autista a primeira técnica de aproximação, pois o
enquadre não verbal é o que permite a esta estabelecer os canais de
comunicação (BENENZON,1985, p.140). Os processos de aproximação e
estimulação da comunicação são facilitados por se poder utilizar
não apenas de um elemento textual ou verbal. Música é ritmo,
melodia, contraponto, harmonia, a união do elemento verbal e do não
verbal. Quando não há a possibilidade de cantar o “miau” de uma
canção folclórica, pode-se substituí-lo por uma batida no tambor,
o toque em uma tecla no teclado. Musicalmente mostra-se para a
criança que existe uma outra via de comunicação. As estereotipias
se transformam em padrões rítmicos e/ou melódicos e adquirem um
valor estético musical. São construídas melodias para a criança a
partir da sua produção. Pequenas canções, as quais a família
pode inserir no cotidiano da criança.
Cria-se um ambiente
lúdico, onde a música guia as atividades e organiza a cena
terapêutica. Cada canção apresentada possui um tempo de duração:
há um início, um meio e um fim. A partir dessa percepção
temporal, começam a ser trabalhadas noções de limites, tolerância
a frustrações e ao tempo de duração de uma atividade musical.
Os instrumentos
musicais inicialmente podem ser executados com muita intensidade e de
modo desorganizado. E o caos sonoro – para quem está do lado de
fora da sala da Musicoterapia - gradualmente será organizado em
alternâncias de turnos, trabalhando-se modulações e promovendo a
aproximação do Musicoterapeuta com o paciente.
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