Os Benefícios da Hidroterapia na Doença de Parkinson - Revisão Bibliográfica.

The Benefits of Hydrotherapy in Parkinson's disease-Literature Review.

Trabalho realizado por:

Priscilla Alves Casado.

Acadêmica de Fisioterapia da Universidade Paulista – UNIP.

Contato: priscillapzt@gmail.com

Orientadora:

Kelly Cristina Sanches.

Professora de Fisioterapia da Universidade Paulista – UNIP.

Resumo

O objetivo deste estudo foi apontar os benefícios da hidroterapia descritos na literatura em pacientes com Doença de Parkinson. Este estudo constituiu de uma revisão da literatura especializada, realizada no ano de 2012, o qual foi baseado em consulta por artigos científicos nas bases de dados, Scielo, Science Direct, Lilacs, Bireme e Pubmed, publicados nos idiomas Português e Inglês. As propriedades físicas da água não encontradas no solo, oferecem ao paciente com Doença de Parkinson melhora nas amplitudes de movimento, ganho de força, melhora da bradicinesia e acinesia, o que otimizam a execução dos movimentos facilitando suas Atividades de Vida Diária. A melhora no equilíbrio ocasiona benefícios na marcha e assim contribui para a otimização da qualidade de vida. Através desta revisão bibliográfica, foi possível verificar que a hidroterapia é um recurso fisioterapêutico que oferece benefícios para os indivíduos com DP. Porém, deve ser complementar ao tratamento medicamentoso proposto para a doença. Dessa forma, há necessidade de mais estudos sobre o assunto.

Palavras-Chave: Hidroterapia Parkinson, Piscina Terapêutica Parkinson.

Abstract

The aim of this study was to point the hydrotherapy benefits in Parkinson’s disease patients, descripted in the literature. This study consisted of a review of the literature, conducted in 2012, which was based on consult with scientific articles in databases, Scielo, Science Direct, Lilacs, Bireme and Pubmed, published in Portuguese and English. The physical properties of water which are not found in the soil provide to the patient with Parkinson's disease improvement in range of motion, strength gain, improved akinesia and bradykinesia, which optimize the execution of movements and to facility their activities of daily living. The improvement in balance cause benefits in the march and so contributes to optimizing the quality of life. Through this literature review, we found that hydrotherapy is a physical therapy that provides benefits for individuals with PD. However, it should be complementary to the proposed drug treatment for the disease. Thus, there is a need more studies about the subject.

Keywords: Hydrotherapy, Parkinson, Parkinson Therapy Pool.

Introdução

A Doença de Parkinson (DP) é uma doença degenerativa crônica de caráter progressivo que acomete o sistema nervoso central, ocorrendo a perda dos neurônios dopaminérgicos localizados na substância negra nos gânglios da base.

Acomete com mais freqüência idosos, manifestando-se entre 50 e 70 anos de idade, sendo a segunda doença neurodegenerativa mais comum da senilidade. Pode surgir precocemente, abaixo dos 40 anos e até mesmo antes dos 21 anos de idade. Independente dos fatores raça, sexo e classe social.

A etiologia é idiopática, mas estudos acreditam que seja multifatorial, como genéticos, toxinas ambientais, relacionados ao envelhecimento cerebral, estresse oxidativo ou anormalidades mitocondriais.

Os principais sintomas da DP são rigidez, tremor e bradicinesia. Também acomete os movimentos voluntários, caracterizados pela a acinesia (dificuldade de iniciar os movimentos), hipocinesia (diminuição da amplitude de movimento), bradicinesia (lentidão para execução dos movimentos). Com a progressão da doença os pacientes com DP apresentam a instabilidade postural e déficit de equilíbrio, contribuindo para o risco de quedas, tornando o paciente mais dependente. Todas essas alterações levam o indivíduo à redução das suas Atividades de Vida Diária, prejudicando assim sua qualidade de vida.

A progressão da DP varia de indivíduo para indivíduo, podendo evoluir de forma brusca e outros casos com progressão mais lenta. Outras alterações encontradas no quadro clínico são disartria, perda das características pessoais de entonação e ritmo. O principal tratamento da DP é a utilização do fármaco levodopa, no qual visa à reposição da dopamina.

A intervenção fisioterápica tem como objetivo minimizar as alterações motoras, afim de que o paciente não perca sua independência nas atividades de vida diária e melhorando sua qualidade de vida2. Dentre os diversos recursos a ser utilizado, estudos mostram que a hidroterapia apresenta ser benéfica.

A Hidroterapia consiste na utilização da água para a realização de exercícios terapêuticos. As propriedades físicas da água, de acordo com sua temperatura e a técnica a ser empregada, podem fornecer ao paciente, restauração das amplitudes de movimento (ADMs), melhora da rigidez, reeducação dos reflexos posturais tônicos e da postura, reeducação dos reflexos posturais fásicos e das reações posturais de endireitamento, melhora do equilíbrio, manutenção dos movimentos voluntários, melhora da coordenação motora e do padrão de marcha e independência funcional6.

Neste contexto, o estudo teve como objetivo realizar uma revisão da literatura dos benefícios da Hidroterapia nos indivíduos com Doença de Parkinson.

Revisão da Literatura

Foi realizada uma revisão da literatura com estudos publicados em periódicos onde foi focada a busca por artigos nos idiomas Português e Inglês. A pesquisa foi feita, nas bases de dados eletrônicas Scielo, Science Direct, Lilacs, Bireme e Pubmed. Os critérios de inclusão foram estudos que descrevessem a utilização da Hidroterapia na Doença de Parkinson e excluídos aqueles que focassem outros recursos terapêuticos para a DP.

As palavras chaves utilizadas foram Hidroterapia Parkinson, Hydrotherapy, Piscina Terapêutica Parkinson. O período para a busca dos artigos foi o compreendido entre os anos de 2000 à 2012.

Foram encontrados 16 artigos, mas inclusos somente 13, sendo três não utilizados por um não possuir a citação do ano da publicação, e os outros dois não descreviam adequadamente o protocolo utilizado.

Discussão

Estudos mostram o ganho da flexibilidade, consequentemente o ganho da amplitude de movimento, devido à combinação dos exercícios à imersão na água aquecida. Essa combinação aumenta a temperatura tecidual, aumentando assim o grau de extensibilidade dos tecidos musculotendinosos e dos moles que envolvem a articulação, proporcionando o relaxamento da musculatura.

É citado na literatura que através da hidroterapia o indivíduo com doença de Parkinson pode ganhar força muscular. A água serve como resistência em todas as direções. Quando se realiza um movimento, várias forças resistivas estão atuando, sendo que a resistência aumenta conforme mais força é exercida contra ela.

Campion MR afirma que a hidroterapia ameniza a bradicinesia e acinesia, devido os efeitos da pressão hidrostática e turbulência sobre o corpo do indivíduo portador de DP, proporcionando o aumento do feedback ao cérebro13. Em um estudo de caso realizado por Miranda et al, o indivíduo com DP mostrou melhora na bradicinesia após o tratamento hidroterápico, sendo observado através da redução do tempo para realizar as atividades como tomar banho e vestir-se, reduzindo de 1 hora e 30 minutos, para 30 minutos após o tratamento.

Segundo Morini SR et al, as atividades aquáticas auxiliam na manutenção dos músculos da mímica facial, por exigirem constantes movimentos quando o indivíduo submerge a cabeça na água. Minimizando a característica marcante do doente com Parkinson, a "face de máscara".

De acordo com Frank et al uma das principais características do indivíduo com DP é a instabilidade postural. Acredita-se que o déficit de equilíbrio esteja relacionado à perda da habilidade de controlar os movimentos intencionais do centro de massa corporal sobre a base de sustentação, durante a prática de atividades que envolvam a transferência de peso. Andrade CHS et al, realizaram um estudo com 7 indivíduos portadores de DP que após quatro semanas, sendo 3 sessões semanais de 40 minutos cada sessão, obteve um aumento significativo na Escala de Equilíbrio de Berg (EEB) e redução do tempo no Teste Timed Up and Go (TUGT) mostrando o ganho de Equilíbrio após a execução do programa de hidroterapia. Outros estudos também apontam a melhora do equilíbrio, devido às forças das propriedades físicas da água que promovem benefícios sensórios-motores.

Com a progressão da doença, as alterações da marcha na DP podem acarretar no aumento da incidência de quedas, imobilidade e perda de independência nas atividades funcionais afirma Goulart et al18. Estudos mostram que após o treino de marcha na piscina terapêutica, houve melhora nos parâmetros da marcha, como aumento da velocidade, aumento do comprimento do passo, melhorando assim sua capacidade funcional. Finger AV et al, verificaram em seu estudo com 3 paciente portadores de DP, durante 2 anos, sendo realizada as sessões de hidroterapia 2 vezes semanais, 45 minutos por sessão, que todos os pacientes mostraram aumento da velocidade da marcha. O Paciente 1 com aumento de 39%, Paciente 2 com aumento de 37% e Paciente 3 com aumento de 33%. Também houve aumento do tamanho do passo: Paciente 1 com aumento de 36,5%, Paciente 2 obteve um aumento de 19% e o Paciente 3 com aumento de 23%7. Lopes et al, após a realização de 16 sessões de hidroterapia com 40 minutos cada sessão, em um paciente com diagnóstico de DP, apontou o ganho de velocidade da marcha de 17,2% que pré-hidro se mostrava=0,87 m/s e pós-hidro=1,02m/s. A melhora da velocidade esteve associada com melhora em outros parâmetros da marcha analisados através da observação clínica visual. Foi observado o aumento do tamanho dos passos, postura mais ereta, melhora da impulsão na fase de pré-balanço, leve dissociação de cinturas com balanceio alternado de Membros Superiores, porém com amplitude de movimento ainda reduzida.

A hidroterapia se mostrou benéfica também para a parte respiratória. Em pacientes com DP pode estar comprometido devido às alterações posturais. A pressão hidrostática oferece uma resistência ao tórax, que em combinação com os exercícios respiratórios proporciona uma melhora de sua função pulmonar.

O ambiente aquático proporciona ao indivíduo além das melhoras motoras, melhorias psicológicas, por ser um ambiente estável, com mais facilidade para a realização dos movimentos do que no solo. Estudos mostram a melhora da qualidade de vida, promovendo maior independência e consequentemente aumento das atividades de vida diária. Um estudo realizado por Queiroz DR et al, composto por 10 indivíduos com DP durante 6 semanas, totalizando 10 sessões de 50 minutos cada, mostrou uma melhora considerável nos itens avaliados pelo questionário de qualidade de vida SF36: capacidade funcional, aspecto emocional, aspecto físico, aspecto social, dor, estado geral de saúde, vitalidade e saúde mental, após a realização da fisioterapia aquática utilizando o método Ai-Chi. Dentre os 10 pacientes avaliados, o paciente 3,6,8 e 9 apresentaram entre 5 e 25% de melhora da capacidade funcional. Os pacientes 2,4,7 e 8 obtiveram melhoras do aspecto físico de 25% a 100%. No item dor, cinco dos dez pacientes analisados alcançaram melhoras de 30%, 33%, 39%, 42% e 48%. Melhoras na vitalidade de 60% dos pacientes analisados que registraram melhoras entre 30% e 55%. No aspecto social ocorreram melhoras acima de 13% em seis pacientes. No aspecto emocional ocorreram melhoras de 33% a 100% em seis pacientes, os outros quatro pacientes permaneceram estáveis. Outro estudo realizado por Palácio SG et al, realizando 20 sessões de 45 minutos cada, 3 vezes por semana em 10 pacientes portadores de DP, também apontou melhoras na qualidade de vida nos itens avaliados no questionário SF36, após a realização da hidroterapia utilizando o método Isotretching. A pontuação geral do SF-36 aumentou de 1.07,4 pontos para 114 pontos, sendo os melhores relacionados aos aspectos social (22,5 pontos), emocional (21,52 pontos) e dor (19,3 pontos).

As propriedades físicas da água não encontradas no solo, oferecem ao paciente com Doença de Parkinson melhora nas amplitudes de movimento, ganho de força, melhora da bradicinesia e acinesia, o que otimizam a execução dos movimentos facilitando suas Atividades de Vida Diária. A melhora no equilíbrio ocasiona benefícios na marcha e assim contribui para a otimização da qualidade de vida.

Os estudos utilizados para essa revisão relatam, de forma geral, os benefícios obtidos com o recurso da hidroterapia ao portador de DP, porém na maioria foi possível observar a participação de um número reduzido de pacientes, bem como um período restrito do tempo da intervenção terapêutica, além do reforço do conceito de que a hidroterapia deve ser complementar à ao tratamento medicamentoso proposto à Doença de Parkinson. Sendo assim, há necessidade de novas investigações clínicas para a confirmação de tais benefícios.

Conclusão

Através desta revisão bibliográfica, foi possível verificar que a hidroterapia é um recurso fisioterapêutico que oferece benefícios para os indivíduos com DP. Porém, deve ser complementar ao tratamento medicamentoso proposto para a doença. Dessa forma, há necessidade de mais estudos sobre o assunto.

Referências

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20. Ayán C, Cancela J. Feasibility of 2 different water-based exercise training programs in patients with Parkinson’s disease: A Pilot Study. Arch Phys Med Rehabil. 2012.

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