O trabalho visa
esclarecer dúvidas e aprimorar os conhecimentos dos estagiários,
dando base e estimulando uma avaliação neurológica minuciosa e
completa nos pacientes portadores de síndromes neurológicas,
afecções cerebelares, síndromes extrapiramidais, neuropatias
periféricas, assim como outras patologias que ocasionam déficit
neurológico na Unidade de Tratamento Intensivo, do Hospital Parque
Belém.
Importante ressaltar,
também, do uso dos conhecimentos neurológicos no CDQUIM, a fim de
minimizar as conseqüências das drogas, deixadas nos dependentes
químicos internados.
Uma avaliação
completa oferece um diagnóstico mais preciso e auxilia na
reabilitação do paciente, em menor tempo.
Tendo conhecimento da
patologia e todos os assuntos correlacionados, dedica-se atenção
especificamente a pontos estratégicos, diminuindo o tempo de
internação dos pacientes, melhorando sua qualidade de vida,
proporcionando bem-estar e dando condições de adaptações ao
cotidiano no caso de haver seqüelas.
Manobras Deficitárias
O sinal de Brudzinski
verifica estiramento ou compressão nervosa. Coloca-se o paciente em
decúbito dorsal, sobre uma superfície reta, com membros inferiores
estendidos, apoiar região occipital do paciente com as mãos e fazer
flexão do pescoço.
Será positivo se
apresentar rigidez nucal, resistência, dor e/ou flexão dos membros
inferiores.
O sinal de Kernig
verifica estiramento ou compressão nervosa. Coloca-se o paciente em
decúbito dorsal, sobre uma maca reta, com os membros inferiores
(coxas) fletidos em 90° e fazer extensão do joelho. Será positivo
se houver dor ao longo do isquiático e/ou resistência à extensão.
A prova de Laségue
também verifica estiramento ou compressão nervosa. O paciente é
posto em decúbito dorsal, com os membros inferiores estendidos, e
faz-se uma flexão passiva da coxa sobre a pelve. Será positivo se o
paciente referir dor na região posterior da coxa.
A manobra de Mingazzini
para membros inferiores verifica déficit motor da musculatura dos
membros inferiores.
O paciente é posto em
decúbito dorsal, com as coxas e as pernas fletidas em 90°, e
solicita-se que o paciente mantenha a posição.
Será positivo se a
posição for mantida por pouco tempo, caindo ou oscilando, na perna
o déficit é do quadríceps e na perna o déficit é do psoas.
A manobra de Mingazzini
para membros superiores verifica déficit motor da musculatura dos
membros superiores.
O paciente na posição
sentada ou de pé, estende os membros superiores, afasta os dedos,
com a mão pronada e lhe é solicitado que mantenha a posição.
Será positivo se
houver um membro parético, que oscilará e abaixará lenta e
progressivamente.
A manobra de Barré
visa confirmar o déficit motor dos músculos flexores da perna sobre
a coxa (flexores do joelho). O paciente deita em decúbito ventral,
flete as pernas sobre as coxas, num ângulo de 90°, e lhe é
solicitado que mantenha a posição. Será positivo quando a perna
começar a oscilar ou cair (imediata ou progressivamente),
evidenciando o déficit.
A manobra de Wartemberg
é executa com o paciente em decúbito dorsal, com os membros
inferiores fletidos, apoiando o peso somente nos calcanhares.
Será positivo quando
houver deslizamento dos pés, que é déficit nos flexores do joelho,
ou quando ocorrer abdução, que é comprometimento dos adutores dos
membros inferiores.
A manobra do pé
verifica déficit nos rotadores internos. O paciente em decúbito
dorsal, com os membros inferiores estendidos e apoiados no leito, tem
seus pés postos em posição neutra. Será positivo quando ocorrer
eversão dos pés.
Sensibilidade
Pode ser
superficial/exteroceptora (tátil, térmica e dolorosa) ou
profunda/exteroceptora. Na sensibilidade tátil utiliza-se um pedaço
de algodão ou pincel de cerdas macias, estimulando-se várias partes
do corpo.
Para o teste de
sensibilidade térmica utilizam-se dois tubos de ensaio, um com água
gelada e o outro com água quente, com os quais se tocam diversas
partes do corpo alternadamente; os tubos podem ser substituídos por
moedas e a mão aquecida do fisioterapeuta.
A sensibilidade
dolorosa é testada com um objeto rombo contra a pele do paciente.
Na sensibilidade
vibratória (palestesia), utiliza-se um diapasão que é vibrado
contra saliências ósseas.
No teste da
sensibilidade de pressão (barestesia) comprimem-se quaisquer massas
musculares digitalmente ou manualmente.
Para a sensibilidade
cinética postural (artrocinética), o paciente fecha os olhos, o
examinador coloca um membro numa determinada posição e solicita que
o membro homólogo seja posto na mesma posição.
Os níveis sensitivos
básicos: trigêmeo, C2 e C3, plexo braquial (C5 a T1), clavícula
(T2), mamilo (T4), processo xifóide (T6), rebordo costal (T8),
cicatriz umbilical (T10), crista ilíaca (T12) e raíz da coxa (L1).
Função Muscular
É testada nos MsSs
pedindo uma extensão do punho contra resistência, e nos MsIs
solicitando uma extensão do joelho contra resistência.
No grau 0 há ausência
total de contração muscular; no grau 1 há contração, que é
visível ou palpável, mas não há movimento; no grau 2 há
movimento em um único plano; no grau 3 há vencimento da gravidade
mas não há sustentação; no grau 4 há vencimento da gravidade e
contração por cerca de 1 minuto e no grau 5 é a força normal.
A paresia é a
diminuição da força muscular, a parestesia é a sensação de
formigamento e a paralisia ou plegia é a ausência ou a abolição
da força muscular.
Tônus muscular
É estado de tensão
constante a que estão submetidos os músculos tanto em repouso
(tônus de postura) como em movimento (tônus de ação). Coloca-se o
paciente em decúbito dorsal, em completo relaxamento.
Inspeciona-se
verificando o achatamento das massas musculares contra o leito;
palpa-se verificando o grau da consistência muscular (trofismo), e
faz-se a prova de oscilações de MsSs e MsIs, sacudindo as
extremidades distais através das extremidades proximais.
Ocorre hipotonia quando
as massas musculares estão achatadas no leito, a consistência
muscular está diminuída, a passividade está aumentada, a
extensibilidade está aumentada e a prova de balanço faz excesso de
oscilações. Ocorre hipertonia quando a consistência muscular está
aumentada, a passividade está diminuída e a prova de balanço tem
oscilações diminuídas.
Reflexos
O reflexo é uma
resposta do organismo a um estímulo de qualquer natureza. O
arco-reflexo, a base anátomo-funcional dos reflexos, é constituído
por uma via aferente, um centro reflexógeno, uma via eferente e um
órgão efetuador, geralmente um músculo.
São graduados em grau
0 – abolido, grau 1 – reduzido, grau 2 – normal, grau 3 –
vivo, grau 4 – exaltado ou hipercinético.
Os reflexos podem ser
profundos (proprioceptivos / miotáticos), com os quais reconhecem-se
os tipos fásicos ou clônicos e os tônicos ou posturais.
Na pesquisa dos
reflexos miotáticos fásicos ou clônicos o estímulo é feito pela
percussão com o martelo de reflexos do tendão do músculo a ser
examinado:
• Axiais da face:
orbicular das pálpebras (percutir sobre a glabela), orbicular da
boca (percutir acima do lábio superior) e masseterino (percutir
sobre o mento);
• Membros superiores:
reflexo peitoral (percutir a inserção do peitoral no úmero),
bicipital (flexão do antebraço – integração C5 e C6, nervo
musculocutâneo), estilorradial, flexor dos dedos (percutindo a ponta
dos dedos ou a palma da mão), tricipital (extensão do antebraço
percutindo-se próximo ao olécrano – integração C6, C7 e C8,
nervo radial);
• Membros inferiores:
reflexo patelar (abaixo da patela – integração L2 e S4, nervo
femoral), aquileano (flexão plantar do pé percutindo-se o tendão
de Aquiles – integração L5, S1 e S2, nervo tibial), reflexo do
adutor da coxa (percutir a inserção comum dos adutores) e dos
flexores dos dedos do pé (percutindo o osso cubóide).
• Tronco: reflexo
costoabdominal (percutindo o rebordo costal).
Nos reflexos
superficiais ou exteroceptivos o estímulo é feito na pele ou na
mucosa externa através de um objeto rombo:
• Cutâneo-abdominal
(nervos intercostais): a pesquisa é feita pela estimulação cutânea
com estilete ou agulha da parede abdominal ao nível da região
epigástrica, umbilical e hipogástrica, obedecendo-se como resposta
o desvio da linha alba e da cicatriz umbilical para o lado
estimulado;
• Cutâneo-plantar
(integração L5-S2): flexão dos dedos do pé estimulando a face
plantar do pé lateralmente em sentido póstero-anterior.
A extensão dos dedos
do pé ou do hálux caracteriza o sinal de Babinski. O sinal de
Babinski indica lesão piramidal.
Tal resposta pode ser
obtida apertando com a mão os gastrocnêmios (sinal de Gordon),
apertando com os dedos, polegar e indicador o tendão de Aquiles
(sinal de Schaeffer), deslizando com força os dedos do examinador de
cima para baixo na tuberosidade da tíbia (sinal de Oppenheim) ou
deslizando uma ponta romba na região lateral do pé, do maléolo
lateral até o quinto pododáctilo (sinal de Chaddoc);
• Reflexo
cremastérico: contração do músculo cremastérico e elevação do
testículo ipsilateral após estímulo na face medial da coxa.
Integração: L1 e L2 (nervos ilio-inguinal e ilio-hipogástrico).
Sinal de Tolosa: o
reflexo cremastérico superficial é conservado e o profundo é
abolido na presença de lesões furunculares dorsais;
• Reflexo
córneo-palpebral: estímulo entre a córnea e a esclera, provocando
oclusão palpebral pela contração do músculo orbicular das
pálpebras;
• Reflexo
palmomentual: A pesquisa é feita pela excitação cutânea da
eminência tenar podendo-se observar a elevação do mento e do lábio
inferior ipsilateral à estimulação.
Coordenação muscular
(taxia)
• Exame do equilíbrio
com o paciente de pé: olhos abertos e fechados, se houver
desequilíbrio é o sinal de Rovsing;
• Exame do equilíbrio
através da marcha: olhos abertos e fechados;
• Prova dedo-nariz:
olhos abertos e fechados;
• Prova
calcanhar-joelho: em decúbito dorsal;
• Prova da inversão
rápida do movimento: a fim verificar disdiadoccinesia;
• Prova do rebote
(Stewart Holmes): o paciente deve corrigir a inversão do movimento;
• Prova do nistagmo;
• Prova das
habilidades (escrita e prova dos riscos horizontais de Babinski). Na
prova dos riscos horizontais de Babinski observam-se tremores e
dismetrias;
• Prova do copo
(pedir que o paciente leve um copo de água à boca).
Movimentos
involuntários
No indivíduo normal
todos os movimentos são adequados, visam um fim e se realizam de
modo harmônico.
Quando determinadas
estruturas do sistema nervoso são lesadas surgem os movimentos
involuntários, denominados hipercinesias.
O exame é feito pela
inspeção. Coloca-se o paciente sentado, com os braços estendidos
para frente, mãos em pronação e dedos em adução.
Pede-se ao mesmo tempo
para o paciente colocar a língua para fora da boca. Nesta posição,
podem surgir movimentos involuntários como tremores, asterixe,
coréia, atetose, mioclonias, etc.
As coréias são
movimentos sem finalidade aparentes, desordenados, irregulares,
bruscos, breves, arrítmicos, e são predominantes nas articulações
distais dos membros, face e língua. As coréias são causadas por
deficiência de acetilcolina no núcleo caudado e no putâmen.
A Coréia de Sydenham
ocorre geralmente em crianças devido à faringite com infecção
estreptocócica que se complica com coréia.
Esse problema não tem
cura, mas pode ser controlado. Através de mecanismo imunológico o
organismo reconhece antígenos nos núcleos da base semelhantes aos
antígenos da bactéria.
A coréia de Huntington
é agressiva, familiar, ocorre em adultos, tem gene dominante,
conhecida como coréia maligna porque evolui para demência, além de
não tem cura.
Vai se antecipando
quando se repete nos membros da família, as gerações vão tendo o
problema cada vez mais cedo.
As atetoses são
movimentos lentos, serpiginosos, irregulares, arrítmicos, tem
caráter tônico, aumenta a tensão muscular, e produz atitudes
típicas.
A atetose ocorre muitas
vezes pela impregnação dos núcleos da base por pigmentos biliares
causada por Kernicterus. São predominantes nas extremidades livres
dos membros, podendo atingir tronco, pescoço, face e língua.
Os tremores são
caracterizados por oscilações rítmicas, involuntárias, que
descreve todo ou parte do corpo em torno de sua posição de
equilíbrio, resultantes da contração alternada de grupos
musculares opostos (agonistas-antagonistas). A pesquisa do tremor é
feita com os braços estendidos.
O balismo compreende
movimentos involuntários causados por lesão no núcleo subtalâmico
de Luys, principalmente por hemorragia cerebral que é a principal
causa de lesão nesse núcleo.
É mais grave do que a
coréia, pois possui grande amplitude, e é predominante nas
articulações proximais dos membros.
Na distonia o paciente
tem hipertonia exagerada variando para hipotonia, com movimentos
lentos, bruscos, arrítmicos e amplos que acometem os segmentos
proximais dos membros ou todo o membro, o pescoço, a cabeça e o
tronco.
Ocorrem contrações
tônicas intensas, produzindo torção e rotação dos segmentos
atingidos, deformando-os e ocasionando posturas distônicas.
As mioclonias são
contrações rápidas e bruscas, repetidas, que ocorrem em grupos
musculares, ou de em apenas um músculo, ou até mesmo em um único
feixe.
As contrações são
súbitas, intensas, comparáveis a descargas elétricas. Revestindo
geralmente caráter paroxístico, surgem em intervalos regulares ou
irregulares.
Quando limitadas não
ocasionam deslocamento de segmentos corpóreos; quando interessam
grupos musculares sinérgicos, ocorre deslocamento, geralmente
intenso e violento.
Podem ser arrítmicas,
assincrônicas, assimétricas e assinérgicas, ou rítmicas,
sincrônicas e sinérgicas. Manifestam-se em processos infecciosos e
afecções degenerativas subagudas ou crônicas e epilepsias.
Os tremores são
oscilações geralmente rítmicas, resultantes da contração
alternada de grupos musculares opostos, de amplitude variável e de
localização predominante nas extremidades dos membros. Pode ser
parkinsoniano, cerebelar, degeneração hepatolenticular e “flopping
tremor”.
Os tiques são
contrações musculares rápidas e repetidas, estereotipadas, e em
geral limitadas, no início ocorre nos músculos da face.
Tem caráter
convulsivo, clônico, e tem forma e freqüência variável. Os
espasmos musculares têm caráter clônico ou tônico, que se
manifestam num único músculo, ou em grupos musculares subordinados
por um mesmo nervo.
As convulsões têm
caráter tônico-clônico e são paroxísticos. Duram alguns minutos
e ocorrem com intervalos variáveis.
Clônus
São oscilações
rítmicas entre flexão e extensão, que surgem na
hiperexcitabilidade do arco reflexo, por supressão da ação
inibitória exercida pela via piramidal.
Para avaliar a presença
de clônus deve-se empurrar a patela do paciente para baixo
rapidamente e manter nesta posição. Se houver clônus o quadríceps
apresentará contrações rítmicas.
Também pode ser
realizada a flexão dorsal súbita do pé. A presença de clônus
indica lesão dos sistemas inibitórios superiores, entre eles o
piramidal. A tríplice flexão do membro inferior ocorre em resposta
a um estímulo quando há lesão piramidal.
Nervos cranianos
I – Nervo olfatório
(percepção dos odores): O receptor do neurônio pseudo-unipolar
interage com as partículas voláteis encontradas no ar. O impulso
olfatório consciente passa pela lâmina crivosa do osso etmóide e
segue pelas estrias olfatórias laterais até o úncus.
É a única
sensibilidade que não passa pelo tálamo. A estria olfatória medial
faz conexão com a área septal.
Testar o odor
aproximando-se café, baunilha e outras substâncias de odor
conhecido em cada narina separadamente e tomando-se o cuidado de
tapar a outra narina.
Deve-se comparar um
lado com o outro. Perguntar sempre se o paciente sente normalmente o
cheiro das coisas. Hiposmia e anosmia: primeiro deve-se descartar
alteração periférica por processos inflamatórios que alteram a
mucosa como a rinite.
Pode ser causada por
traumatismo crânio-encefálico (aceleração e desaceleração – o
encéfalo se desloca no crânio e as fibras da lâmina crivosa se
rompem). A memória sofre alterações, ocorre parosmia (olfato
pervertido), a qual também pode ocorrer em pacientes psiquiátricos.
II – Nervo óptico:
Testar a acuidade visual (mostrar objetos, pedir para o paciente ler
alguma coisa); pesquisar a campimetria grosseira (com o paciente
olhando na testa do examinador comparando-se o campo visual do médico
e do paciente); fazer pesquisa do fundo de olho com o oftalmoscópio
(observar a papila, os vasos e a presença de escavação
fisiológica).
A ambliopia são
alterações na acuidade visual e a amaurose é perda da visão.
Deve-se avaliar primeiro um olho e depois o outro, primeiro deve-se
perguntar se o paciente tem alguma deficiência visual. As causas são
múltiplas, normalmente por problemas do próprio globo ocular.
A retina temporal
recebe as imagens do campo nasal. A retina nasal recebe as imagens do
campo temporal. O primeiro, o segundo e o terceiro neurônios estão
localizados na retina. Os primeiros neurônios caracterizam os cones
e os bastonetes.
Os segundos neurônios
são bipolares e os terceiros neurônios são ganglionares. Todos
eles constituem as três camadas da retina. Da retina as fibras
seguem para o quiasma óptico, para o tracto óptico e para o corpo
geniculado lateral do tálamo.
Do corpo geniculado
lateral, parte das fibras segue à área 17 de Brodmann nos lábios
do sulco calcarino através do feixe geniculo-calcarino enquanto o
restante das fibras, que constituem a via aferente do reflexo
fotomotor, segue em direção aos colículos superiores no tecto do
mesencéfalo. A lesão no nervo óptico direito causa a perda da
visão no lado direito.
A lesão no quiasma
óptico causa hemianopsia bitemporal (heterônima) devido ao
cruzamento das fibras provenientes de ambas as retinas nasais. A
lesão do tracto óptico provoca a perda do campo nasal e temporal
(hemianopsia homônima).
III, IV e VI –
(oculomotor, troclear e abducente): Examinar a motricidade extrínseca
pedindo para o paciente acompanhar o dedo do médico.
O músculo oblíquo
inferior vira o olho para cima quando ele está aduzido e o músculo
oblíquo superior vira o olho para baixo quando ele está aduzido. Se
houver alteração da motricidade ocular o paciente vai se queixar de
diplopia ou lesão dupla, que desaparece tapando-se um dos olhos.
Examinar a convergência ocular através do reflexo de acomodação.
O estrabismo
convergente ocorre na paralisia do nervo abducente. Na paralisia do
nervo oculomotor ocorre estrabismo divergente, midríase e ptose
palpebral. O reflexo de acomodação é caracterizado miose e
convergência ocular quando se aproxima um objeto dos olhos do
paciente.
A convergência ocular
é atribuída ao núcleo de Perlia, a miose ao parassimpático
através do núcleo de Edinger-Westphal e os movimentos do globo
ocular em geral estão integrados pelo fascículo longitudinal
medial.
O núcleo de Perlia
está relacionado com os músculos extrínsecos do olho menos o reto
lateral e o oblíquo superior. Examinar a motricidade intrínseca ao
se observar o diâmetro pupilar através dos reflexos fotomotor e
consensual.
O reflexo fotomotor
direto caracteriza-se pela miose pupilar ao incidir um feixe luminoso
diretamente sobre um olho e o reflexo fotomotor indireto ou
consensual caracteriza-se pela miose no outro olho sem que ele seja
estimulado diretamente.
No exame da motricidade
ocular intrínseca as pupilas devem ser isocóricas (mesmo diâmetro)
e ter os contornos regulares.
Denomina-se
discoria à irregularidade do contorno pupilar. Denomina-se
anisocoria à diferença de diâmetro entre as pupilas.
A midríase indica
comprometimento do parassimpático através de lesão no núcleo de
Edinger-Westphal e a miose indica lesão do simpático cervical.
Sinal de Argyll-Robertson ocorre miose bilateral, perda do reflexo
fotomotor direto e manutenção do reflexo de acomodação visual.
Ocorre devido à lesão periaquedutal em pacientes com sífilis.
A Síndrome de Claude
Bernard Horner é caracterizada por miose, ptose palpebral com
diminuição da fenda palpebral e enoftalmia.
V – Nervo trigêmeo
(predominantemente sensitivo), raiz V1 (oftálmico): inerva do alto
da cabeça até a fenda palpebral, raiz V2 (maxilar): inerva da fenda
palpebral até a rima bucal, raiz V3 (mandibular): inerva da rima
bucal até a raiz mandibular. A raiz V3 divide-se em porção
sensitiva e porção motora.
A porção motora
inerva os músculos da mastigação (temporal, masseter, pterigóideo
lateral, pterigóideo medial, milo-hióideo e ventre anterior do
digástrico). A porção sensitiva inerva os dois terços anteriores
da língua (sensibilidade geral). A região da cabeça posterior ao
vértice é inervada por C1 e C2.
A região localizada
abaixo da raiz mandibular é inervada por C2 e C3. Com a ponta romba
examina-se a sensibilidade dolorosa; com um pedaço de algodão
examina-se a sensibilidade tátil; com dois tubos de ensaio, um
contendo água quente e outro tubo com água fria, examina-se a
sensibilidade térmica; examina-se os reflexos do trigêmeo.
Examina-se o reflexo
córneo-palpebral ao tocar o limbo corneano com um pedaço de algodão
pedindo para o paciente olhar para cima e para o lado oposto.
A resposta obtida no
reflexo córneo-palpebral se dá através do nervo facial. O reflexo
do espirro é feito através de estímulo sobre a mucosa nasal.
O reflexo masseterino
possui ambos os componentes aferente e eferente pertencentes ao nervo
trigêmeo; examina-se a motricidade dos músculos da mastigação.
Examina-se a sensibilidade geral nos dois terços anteriores da
língua.
As patologias que podem
ocorrer são a trigeminalgia ou algia ou neuralgia do trigêmeo (é
muito dolorosa).
Na maior parte das
vezes a trigeminalgia ocorre por compressão vascular (aneurismas)
determinando dor ao falar ou comer. A dor é semelhante a um choque.
As principais formas de
tratamento são a afastamento da alça vascular, colocação de
clipes nos aneurismas e carbamazepina, também utilizada nas
neurites.
Herpes zoster: comum em
pacientes com história de varicela. O vírus fica no gânglio
trigeminal. Há formação de vesículas (bolhas).
VII – Nervo facial:
inerva a musculatura da mímica: músculos enrugador da testa,
orbicular dos olhos, orbicular da boca, bucinador e platisma.
O ramo intermediário
de Wrisberg realiza a inervação especial ou gustativa dos dois
terços anteriores da língua.
Pede-se para o paciente
enrugar a testa, mostrar os dentes, everter o lábio inferior para
avaliar o platisma. Avaliam-se os reflexos: orbicular das pálpebras
(V-VII), reflexo palmomentual (estimular a região tenar obtendo-se
contração da musculatura mentoniana pelo nervo facial) e reflexo do
orbicular da boca.
Canula-se a saída de
lágrima e saliva de um lado e comparar com o lado oposto. O facial
também toma parte na salivação e no lacrimejamento através dos
núcleos lacrimal e salivatório superior.
Os núcleos lacrimal e
salivatório superior localizam-se na ponte e emitem fibras
pré-ganglionares eferentes viscerais gerais parassimpáticas que
seguem pelo nervo intermediário de Wrisberg até chegarem às
glândulas lacrimais e submandibulares, respectivamente. Pesquisar a
sensibilidade gustativa nos dois terços anteriores da língua.
A paralisia do nervo
facial pode ser periférica (nuclear e infranuclear) e central
(supranuclear). Na paralisia facial periférica pode ser observado
desvio dos traços fisionômicos para o lado são, piscar ausente ou
menos evidente do lado comprometido, sulcos da pele menos
pronunciados do lado paralisado assim como rima palpebral mais aberta
do lado paralisado (lagoftalmia).
Em virtude do déficit
do músculo orbicular das pálpebras a secreção lacrimal escorre
pela face no lado paralisado (epífora).
Quando o paciente faz
força para fechar os olhos aparece um desvio do globo ocular para
cima e para fora, ficando grande parte ou a totalidade da córnea
recoberta pela pálpebra superior (sinal de Bell).
uando o paciente
procura olhar para cima o globo ocular do lado paralisado excursiona
mais no sentido vertical que o do lado são (sinal de Negro).
A paralisia facial
central (supranuclear) traduz-se semiologicamente por comprometimento
do território inferior da face com desvio da rima bucal, apagamento
do sulco nasogeniano, disartria e ausência de contração do
platisma.
VIII – Nervo
vestíbulo-coclear: o nervo vestíbulo-coclear possui uma parte
auditiva e uma parte labiríntica, relacionada com o equilíbrio.
O primeiro neurônio da
via auditiva está localizado no gânglio espiral e os seus
receptores estão localizados no órgão de Corti. O segundo neurônio
localiza-se nos núcleos cocleares dorsal e ventral.
Do núcleo coclear as
fibras cruzam-se para formar o corpo trapezóide, de onde seguem para
o lemnisco lateral, para os colículos inferiores, de onde seguem
para o corpo geniculado medial do tálamo e para a área 41 de
Brodmann no giro temporal transverso anterior ou giro de Heschl.
A orelha média é
responsável pela amplificação dos sons. Alterações na orelha
média determinam distúrbios auditivos de condução.
Alterações dos
neurônios na orelha interna levam a alterações auditivas de
percepção. A via vestibular inicia-se nos receptores localizados no
labirinto.
O primeiro neurônio
está localizado no gânglio vestibular ou gânglio de Scarpa, que
possui conexões com o lobo parietal e com a zona medial do cerebelo.
Teste do equilíbrio:
Observar tendência à queda estando o paciente em pé e de olhos
fechados (se houver lesão labiríntica o corpo cai para o lado
afetado), observar o indivíduo com os braços estendidos (irá
apontar para o lado afetado), observar nistagmo com desvio lento dos
olhos para o lado afetado e correção rápida para o outro lado
(nome do nistagmo é dado pela fase rápida, ex., se o labirinto
estiver lesado à direita o nistagmo será à esquerda).
Teste da audição: Com
um diapasão de 128 Hertz realiza-se a prova de Rinne e a prova de
Weber. Há necessidade de sabermos se uma hipoacusia (diminuição da
audição) é de condução ou de percepção.
Na prova de Weber
coloca-se o diapasão vibrando no alto da cabeça. Na surdez de
condução a vibração é sentida no lado que o paciente refere
comprometimento da audição.
Na surdez de percepção
a vibração vai para o lado normal. O tratamento da surdez de
condução é da esfera do otorrinolaringologista. A surdez de
percepção deve ser tratada pelo neurologista.
Prova de Rinne: o
diapasão é colocado sobre o processo mastóide do osso temporal e
quando o paciente deixar de ouvir a vibração coloca-se o diapasão
nas proximidades da orelha externa.
Em situações normais,
o indivíduo será capaz de ouvir por algum tempo as vibrações do
diapasão colocado próximo da orelha externa. A condução aérea
deverá ser melhor que a condução óssea.
XI – Nervo acessório:
possui uma parte espinhal ou medular e uma parte bulbar ou craniana.
A parte bulbar é analisada juntamente com os nervos glossofaríngeo
e vago.
A parte espinhal inerva
os músculos trapézio e esternocleidomastóideo. Para avaliar a
função do músculo trapézio o médico deve tentar abaixar o ombro
do paciente contra a resistência do paciente.
Para avaliar a função
do músculo esternocleidomastóideo deve-se pedir para o paciente
virar a cabeça para um lado enquanto o médico a empurra para o
outro lado.
Ao pedir para o
paciente virar a cabeça para a esquerda examina-se o ECM direito e
vice-versa.
XII – Nervo
hipoglosso: pede-se para o paciente exteriorizar a língua e
movimentá-la para os lados. Quando a língua é colocada para fora
da boca, ela desviará para o lado paralisado.
Quando a língua é
puxada para dentro da boca, ela é desviada para o lado são.
Quando há uma lesão
do neurônio motor periférico pode ocorrer atrofia de língua,
hipotonia e fasciculações.
IX e X – Os nervos
glossofaríngeo, vago e a raiz craniana do acessório estão
integrados no núcleo ambíguo, relacionado com a função motora.
Os nervos
glossofaríngeo e vago realizam a inervação sensitiva e motora da
orofaringe e da laringe.
Os principais sintomas
decorrentes de lesão nestes nervos são a disfagia e as alterações
na voz.
Exame motor: Observar a
subida do palato mole enquanto o indivíduo pronuncia as letras “A”
ou “E”.
Se a úvula subir
centralizada não há lesão dos nervos IX e X. Se houver lesão de
um dos lados, o palato mole e a úvula sobem com desvio para o lado
normal.
O lado lesado ficará
hipotônico e abaixado (sinal da cortina). O sinal da cortina indica
lesão dos nervos IX e X.
Exame sensitivo: Tocar
o palato na região retro-amigdaliana e no terço posterior da
língua. O normal é ocorrer o reflexo do vômito.
Não se realiza o exame
da sensibilidade dolorosa ou térmica. As cordas vocais são
inervadas pelo nervo recorrente, formado pelo glossofaríngeo e pelo
ramo craniano ou bulbar do acessório.
O sintoma da lesão das
cordas vocais é a voz bitonal. As cordas vocais devem ser examinadas
com espelho apropriado, não sendo um exame neurológico de rotina.
Sinais Meníngeos
Geralmente há infecção
associada, o paciente apresenta febre, palidez, sudorese,
taquicardia, fotossensibilidade, cefaléia e vômitos. Verificar se
há rigidez de nuca com movimentos de lateralidade e de flexão e
extensão da cabeça.
Verificar o sinal de
Brudzinsky: flexão do membro inferior enquanto se pesquisa a rigidez
de nuca. Na criança pode-se realizar a flexão do tronco.
Verificar o sinal de
Kernig: realiza-se a extensão de uma perna, se houver sinal meníngeo
o paciente irá sentir dor devido à distensão das meninges e as
pernas irão se fletir.
Verificar o sinal de
Laségue: presença de dor quando se realiza a extensão do membro
inferior. Investigar atitude meníngea: paciente em decúbito lateral
com extensão da cabeça e flexão dos membros (atitude em cão de
espingarda).
Alterações da Fala e
da Escrita
O exame deve ser feito
enquanto o fisioterapeuta conversa com o paciente. Linguagem: etapa
psíquica da elaboração do pensamento que poderá ou não ser
transmitida pela palavra escrita ou falada.
• Disfasia: alteração
da fala secundária a uma lesão cortical envolvendo a área de
Wernicke (disfasia sensitiva) ou a área de Broca (disfasia motora).
Na disfasia sensitiva ou de Wernicke o indivíduo articula as
palavras mas não executa comandos;
• Disartria: defeitos
da articulação e da coordenação dos músculos da fala decorrentes
de desordens neurológicas, em nível periférico ou central. É uma
alteração secundária a lesões que não sejam corticais.
Pode ter origem
cerebelar, nos núcleos da base e em outros locais. A disartria pode
ser decorrente de alterações na força muscular devido a causas
neurológicas;
• Disfonia: o
distúrbio é de timbre e intensidade do som produzido. A voz é
rouca ou bitonal. As disfonias ocorrem por comprometimento da
inervação motora das cordas vocais;
• Dislalia: distúrbio
da articulação da palavra que decorre de causas múltiplas
excluídas as perturbações neurológicas;
• Distúrbios do
ritmo: alterações da fala que não estão relacionadas a nenhuma
lesão. Ex: gagueira, taquilalia e bradilalia. A gagueira é a
disritmolalia mais freqüente;
• Dislexia:
dificuldade em adquirir a capacidade normal de leitura.
No exame da escrita
pede-se para o paciente escrever o seu nome (se ele for
alfabetizado).
Praxia
Praxia (prática) é a
capacidade que o indivíduo tem de realizar atos complexos
aprendidos. Pode ocorrer alteração da praxia em lesões dos lobos
parietal.
Exame da praxia: pedir
para o indivíduo vestir uma camiseta meio embolada ou pentear o
cabelo com as mãos.
Gnosia
Gnosia é o
reconhecimento de objetos através dos órgãos dos sentidos. O exame
da gnosia é realizado através da visão, da audição, do olfato e
do tato.
A gnosia tátil
(estereognosia) é avaliada com os dedos do paciente fechados.
Estereognosia é
capacidade de reconhecer um objeto com a mão sem o auxílio da
visão.
É função epicrítica
com componente proprioceptivo. Quando se perda esta função, diz-se
astereognosia ou agnosia tátil, indicativa de lesão do lobo
parietal contralateral.
Marchas
Deve-se observar o
paciente caminhar e os movimentos associados. Pedir para o paciente
andar na ponta dos pés e nos calcanhares e pular num pé só. Os
distúrbios da marcha são denominados disbasias.
A marcha ceifante
(hemiplégica ou helicópode) consiste no membro superior fletido,
aduzido e punho pronado. O membro inferior está espástico, não
fletindo, arrastando a perna em semicírculos. Ocorre geralmente nos
AVC’s.
Marcha atáxica da
síndrome radiculocordonal posterior (ataxia sensitiva) é também
denominada marcha talonante ou tabética, onde o paciente caminha
olhando para o solo procurando regularizar os movimentos
incoordenados dos membros inferiores através do controle visual.
A marcha é insegura, e
os passos são desordenados, o paciente caminha com as pernas
afastadas uma da outra, levantando-as em excesso para em seguida
projetá-las com energia sobre o solo, tocando-o com o calcanhar
(marcha talonante ou calcaneante).
Entre as moléstias que
se distinguem pela presença deste tipo de marcha temos a tabes
dorsalis, lesão no COM, polineurites.
A marcha atáxica da
síndrome cerebelar é também denominada marcha ebriosa ou
cambaleante, onde o paciente freqüentemente necessita ampliar sua
base de sustentação.
A marcha da síndrome
parkinsoniana é caracterizada pela rigidez muscular que confere à
marcha um caráter em bloco, a cabeça e o tronco permanecem
inclinados para frente, o quadril e os joelhos estão levemente
flexionados, os passos são curtos (petit pass), a marcha é vagarosa
e arrastada.
A marcha anserina
ocorre nos pacientes com acentuação da lordose, inclinação do
tronco à esquerda ou à direita, e está relacionada com patologias
musculares que causam diminuição de força dos músculos pélvicos
e das coxas.
A marcha em tesoura (ou
espástica) tem como característica a espasticidade dos membros
inferiores, que permanecem semifletidos, arrastando os pés e
cruzando-os um na frente do outro.
A marcha parética
ocorre quando há diminuição da força, onde o paciente parece
tremer.
A marcha claudicante
faz com que o paciente manque em razão de insuficiência arterial
periférica ou de lesão do aparelho locomotor.
A marcha festinante é
semelhante a parkinsoniana, porém nessa o paciente tem inclinação
muito grande, quase caindo.
Síndromes motoras
Síndrome do primeiro
neurônio motor: as lesões do sistema piramidal traduzem-se por
déficits motores que interferem na execução dos movimentos e não
sobre os músculos ou determinados grupos de músculos, como ocorre
nas lesões do neurônio motor periférico.
Caracteriza-se por
paresia, plegia, hipertonia elástica, hiperreflexia profunda,
abolição dos reflexos superficiais, inversão do reflexo
cutâneo-plantar (sinal de Babinski), presença sincinesias (o lado
plégico realiza um movimento desencadeado por um movimento do lado
normal), sinreflexia, disartria e afasia. As lesões da via piramidal
são comuns no AVE da cápsula interna.
A paresia e a plegia
constituem os componentes deficitários da síndrome do primeiro
neurônio motor e os demais sintomas constituem os componentes de
liberação.
Na fase aguda ocorre
arreflexia ou hiporreflexia tanto superficial quanto profunda. A
hipertonia elástica ocorre devido à perda da modulação referente
ao primeiro neurônio motor.
As lesões que ocorrem
antes do cruzamento das fibras possuem sintomatologia contra-lateral
e as lesões que ocorrem após o cruzamento das fibras possuem
sintomatologia ipsilateral.
Síndrome do segundo
neurônio motor: as lesões desse sistema costumam se exteriorizar
por déficit motor (paresia ou paralisia), arreflexia profunda e
superficial, hipotonia, atrofia muscular rápida e miofasciculações.
A paralisia é do tipo
flácida, com abolição de todos os tipos de motricidade
(voluntária, automática e reflexa). As miofasciculações são
caracterizadas por tremores musculares espontâneos.
Um exemplo de síndrome
do segundo neurônio motor é a paralisia infantil ou poliomielite.
Na síndrome do segundo neurônio motor, as lesões produzem
sintomatologia ipsilateral.
Diparesia:
caracteriza-se pelo comprometimento da força muscular nos quatro
membros, sendo mais pronunciada nos membros inferiores e mais sutil
nos membros superiores.
Paralisia alternada:
nas síndromes que envolvem o tronco encefálico é comum o
comprometimento dos núcleos de nervos cranianos concomitantemente ao
comprometimento das vias descendentes piramidais.
O comprometimento dos
núcleos de nervos cranianos provoca sintomas ipsilaterais e o
comprometimento das vias descendentes piramidais provoca sintomas
contralaterais.
Síndrome
mesencefálica: na síndrome de Weber, há comprometimento do nervo
oculomotor e da via motora que passa por perto (tracto
córtico-espinhal) resultando na síndrome do primeiro neurônio
motor mais estrabismo divergente e ptose palpebral.
É chamada paralisia
alternada porque uma é ipsilateral e a outra é contralateral. Isso
normalmente dá a certeza de que a lesão é no tronco, e sabendo
qual é o nervo craniano é possível saber em que nível do tronco
está a lesão.
No indivíduo com lesão
à direita há comprometimento no olho direito e paralisia no membro
esquerdo.
Síndrome pontina: na
síndrome de Mullard-Gubler há comprometimento do sétimo e às
vezes do sexto nervo craniano e do tracto córtico-espinhal.
Se houver lesão do
sexto nervo há estrabismo convergente e na lesão do sétimo nervo
ocorre paralisia facial periférica. Está associada à síndrome do
primeiro neurônio motor (paralisia alternada).
Síndrome bulbar: a
síndrome de Wallenberg ocorre por desvio na porção lateral do
bulbo devido à lesão vascular, que pode ser na artéria vertebral
ou na artéria cerebelar posterior inferior.
Há comprometimento dos
tractos espino-cerebelar anterior e posterior, do tracto
espino-talâmico lateral, do nervo trigêmeo e do simpático
descendente.
A lesão dos tractos
espino-cerebelar anterior e posterior provocam incoordenação motora
ou ataxia.
O comprometimento do
tracto espino-talâmico lateral altera as vias de dor e temperatura
causando hipoestesia e anestesia térmica.
O comprometimento do
nervo trigêmeo causa alterações na sensibilidade da face e,
eventualmente, alterações na motricidade dos músculos da
mastigação.
A lesão do simpático
descendente está associada à síndrome de Claude Bernard Horner. A
lesão do núcleo ambíguo causa disfonia ou afonia por deficiência
de motricidade nas cordas vocais.
Síndrome de Claude
Bernard Horner: caracterizada por miose, enoftalmia e ptose palpebral
com diminuição da fenda palpebral. Está associada à síndrome de
Wallenberg.
A síndrome de Claude
Bernard Horner também ocorre na lesão do gânglio estrelado por
tumor de Pancoast.
Síndrome cerebelar:
caracterizada por alterações do equilíbrio estático com
alargamento da base de sustentação, alterações do equilíbrio
dinâmico levando à marcha ebriosa ou cambaleante, hipotonia
muscular, queda ao solo com os olhos abertos, hiporreflexia profunda
e ataxia motora provocando dismetria, decomposição dos movimentos,
disdiadococinesia e adiadococinesia, nistagmo e disartria.
Síndromes
Extrapiramidais: as vias extrapiramidais, formada pelos tractos
vestíbulo-espinhal, retículo-espinhal, rubro-espinhal e
tecto-espinhal, são absolutamente necessárias para que a via
piramidal possa fazer o controle da motricidade voluntária.
As principais síndromes
extrapiramidais são a síndrome de Parkinson e as síndromes
causadoras dos movimentos involuntários como a coréia, o balismo, a
atetose, a distonia e os tremores.
Síndrome de Parkinson:
marcha em passos curtos (petit pass), mudança do centro de massa, o
indivíduo pode não conseguir parar se não encontrar um obstáculo,
o corpo encontra-se inclinado para frente e os joelhos semi-fletidos
devido à alteração no centro de massa, fácies parkinsoniana
(inexpressiva), tremor de repouso, hipertonia plástica, bradicinesia
(movimentos lentos) e bradipsiquismo (o indivíduo demora a responder
aos estímulos).
A síndrome de
Parkinson pode fazer parte da doença de Parkinson mas também pode
ser secundária a tumores na região dos núcleos da base
comprometendo o circuito dopaminérgico.
Outras causas: acidente
vascular isquêmico e medicação por tempo prolongado (cinarizina e
flunarizina – não há reversão se o quadro já estiver
instalado).
Síndromes medulares:
• Síndrome da ponta
anterior da medula: apresenta as mesmas características da síndrome
do segundo neurônio motor.
•Amiotrofias
espinhais progressivas: são doenças degenerativas. Um exemplo de
amiotrofia é a síndrome de Werdnig-Hoffmann determinada por gene
autossômico recessivo e que atinge crianças na primeira infância.
Outra doença é a
síndrome de Wolphart-Kugelberg-Wellander que tem quadro clínico
semelhante mas acomete mais a segunda infância. As amiotrofias
também ocorrem em adultos, predominando as atrofias musculares.
• Síndromes da ponta
posterior: as síndromes da ponta posterior caracterizam-se por
sintomas sensitivos como hipoestesia e anestesia, dor em queimação,
hipotonia e arreflexia.
O herpes zoster,
causado pelo vírus varicela-zoster, causa lesão no gânglio dorsal
provocando dor intensa.
O herpes zoster
normalmente apresenta vesículas, mas também pode apresentar-se sem
vesículas.
A lesão do cordão
posterior também pode ser causada por sífilis (neurosífilis ou
neurolues) causando uma síndrome denominada tabes dorsalis (por isso
a marcha talonante é denominada tabética).
O diabetes também
compromete o cordão posterior.
• Síndromes da
substância branca: as síndromes da substância branca podem ser
isoladas ou combinadas.
Na síndrome isolada
apenas uma via é comprometida. Se houver lesão do cordão posterior
há alteração da sensibilidade profunda e da propriocepção
consciente (a sensibilidade superficial é composta por dor, tato e
temperatura conduzidas pelos tractos espinotalâmicos).
A sensibilidade
profunda é composta pela sensibilidade vibratória (palestésica),
pela propriocepção consciente (noção do segmento no espaço) e
pela sensibilidade barestésica (pressão aplicada). A lesão do
tracto córtico-espinhal manifesta-se como síndrome do primeiro
neurônio motor.
O indivíduo apresenta
marcha ceifante onde há um trajeto em forma de meia-lua, sendo
também denominada marcha parética espástica.
As síndromes
combinadas combinam a lesão do cordão posterior com a lesão do
tracto córtico-espinhal predominando os sintomas da via comprometida
com mais intensidade.
• Esclerose lateral
amiotrófica: doença progressiva e sem tratamento. O prognóstico é
sinistro, o paciente fica tetraplégico e vai a óbito por paralisia
dos músculos respiratórios.
• Seringomielia:
dilatação do canal central da medula que comprime as vias que
cruzam anteriormente (sensibilidade térmica e dolorosa – tracto
espinotalâmico lateral). A sensibilidade tátil é preservada
(tracto espinotalâmico anterior). É produzida por cisto de origem
embrionária que comprime o canal central da medula.
• Síndrome da lesão
transversa: o exame da sensibilidade é fundamental para o seu
diagnóstico.
Deve-se fazer a
pesquisa da sensibilidade do hálux subindo para a perna e coxa até
o momento em que o paciente informa de um lado que houve a
manifestação de sensibilidade.
Faz-se o exame do outro
lado e ele informa em que nível a sensibilidade começou.
Determina-se então o nível sensitivo, se o nível for o mesmo está
determinada a lesão transversa.
• Síndrome de
hemisecção medular (síndrome de Brown–Sequard): a motricidade do
lado comprometido e a sensibilidade do lado oposto está abolida,
produzindo um quadro motor ipsilateral e um quadro sensitivo
contra-lateral. Há comprometimento do primeiro e do segundo neurônio
causando hipotonia e arreflexia por traumatismo raquimedular ou
tumor.
• Síndrome dos
nervos periféricos: há paresia se o nervo for motor ou misto, hipo
ou anestesia se o nervo for sensitivo ou misto e hiporreflexia
profunda. Perde-se a comunicação do nervo com a pele da região
comprometida, ocorrendo diminuição na quantidade de pêlos.
Pode ocorrer paresia e
parestesia. Na mononeuropatia apenas um nervo está comprometido
(ex., nervo mediano, fibular).
Na mononeuropatia
múltipla há mais de um nervo comprometido mas em estágios
diferentes. Na polineuropatia há vários nervos comprometidos ao
mesmo tempo.
A mononeuropatia é
causada por traumatismos, a mononeuropatia múltipla ocorre por
hanseníase (ex., nervo ulnar e auricular magno).
•
Polirradiculoneurite (síndrome de Guillain-Barré): compromete o
nervo periférico e a raiz nervosa. Possui causa imunológica e
ocorre após infecção. O quadro é predominantemente motor mas há
comprometimento sensitivo.
Caracteriza-se por
paresia aguda de evolução rápida e às vezes ascendente (síndrome
de Landry-Guillain-Barré).
As causas da síndrome
dos nervos periféricas são a degeneração mielínica, a
degeneração Walleriana (degeneração mielínica por trauma) e a
degeneração axonal (compromete o axônio e a bainha de mielina).
O exame dos nervos
periféricos é feito através palpação do nervo ulnar no sulco do
cotovelo, onde o nervo ulnar está espessado na hanseníase). O exame
dos nervos periféricos também pode ser feito através da
eletromiografia.
Conclusão
Com todos os dados
acima, é possível concretizar a idéia da importância de um bom
atendimento ao paciente neurológico.
Assim como é de
extrema relevância conhecer todos os tópicos que abordam a questão,
desde uma fáscie ou atitude até um tipo de movimento involuntário.
É interessante
considerar o paciente como um todo, como um conjunto complexo, e não
apenas como um cérebro com tumor, ou paciente que teve AVC.
Todo paciente tem sua
história única, sua vivência, seus hábitos e o seu futuro
dependem de nós estagiários de fisioterapia, professores das
disciplinas de prática fisioterapêutica, assim como toda a equipe
envolvida no estudo e tratamento dos pacientes neurológicos.
Fonte: Portal da
Fisioterapia.
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