01. As contrações
excêntricas máximas podem produzir, além das distensões, a
seguinte lesão:
A) desinserção
tendinosa
B) ruptura
miotendínosa
C) hematoma
miofibrilar
D) bloqueio
neuromuscular
E) dor muscular de
início retardado
Sobre a “A”, uma
contração excêntrica máxima não causaria uma desinserção da
extremidade óssea do tendão, ao menos sem que exista outro
mecanismo de lesão. Também não causaria uma ruptura da extremidade
muscular do tendão, que é o que propõe a alternativa “B”. A
meu ver, o motivo é simples: o ventre muscular é uma extrutura mais
frágil que as inserções do tendão, e romperia antes. Claro aqui
que me refiro apenas à contração excêntrica, já que não há
nenhuma outra informação sobre mecanismo de lesão no enunciado.
Com relação à
“C”, hematoma miofibrilar, na ocorrência de ruptura das
miofibrilas há a formação de hematoma neste espaço, quando existe
lesão muscular. Nesse sentido, esse termo “hematoma miofibrilar”,
ao se referir ao hematoma ocasionado pela ruptura das miofibrilas,
poderia responder perfeitamente à questão. Eu apostaria nessa como
correta, mas o enunciado diz “além da distensão” e essa
alternativa tem relação direta com a distensão. Ficou confuso
isso, já que o hematoma também pode ser considerado como algo
diferente da lesão muscular, sendo originado por ela. Realmente
confuso.
Sobre a “D”, o
bloqueio neuromuscular causaria a paralisia do músculo, por
interrupção dos impulsos nervosos na junção neuromuscular.
Alternativa incorreta.
Na”E”, a dor
muscular de início retardado é a dor muscular que ocorre de 1 ou 2
dias após o treino é denominada dor de ocorrência tardia (DOT) ou
dor muscular de início retardado (DMIR), tal dor está mais
relacionada às contrações excêntricas ou a execução de um
padrão de movimento diferente daquele ao qual o indivíduo está
acostumado, conseqüentemente, modificando o recrutando das unidades
motoras. Devido a estes fatores, muitos indivíduos sentem dores no
início de um programa de exercício resistido ou na mudança de
exercícios. Alternativa correta e que responde ao questionamento.
As lesões
musculares podem ser causadas por contusões, estiramentos ou
lacerações.
A força exercida
sobre o músculo leva a um excessivo estiramento das miofibrilas e,
consequentemente, a uma ruptura próxima à junção miotendínea. Os
estiramentos musculares são tipicamente observados nos músculos
superficiais que trabalham cruzando duas articulações, como os
músculos reto femoral, semitendíneo e gastrocnêmio.
Classificação
A atual
classificação das lesões musculares separa as lesões entre leve,
moderada e grave a partir dos aspectos clínicos revelados.
Estiramentos e
contusões leves (grau I) representam uma lesão de apenas algumas
fibras musculares com pequeno edema e desconforto, acompanhadas de
nenhuma ou mínima perda de força e restrição de movimentos. Não
é possível palpar-se qualquer defeito muscular durante a contração
muscular. Apesar de a dor não causar incapacidade funcional
significativa, a manutenção do atleta em atividade não é
recomendada devido ao grande risco de aumentar a extensão da lesão.
Estiramentos e
contusões moderadas (grau II) provocam um dano maior ao músculo com
evidente perda de função (habilidade para contrair). É possível
palpar-se um pequeno defeito muscular, ou gap, no sítio da lesão, e
ocorre a formação de um discreto hematoma local com eventual ecmose
dentro de dois a três dias. A evolução para a cicatrização
costuma durar de duas a três semanas e, ao redor de um mês, o
paciente pode retornar à atividade física de forma lenta e
cuidadosa.
Uma lesão
estendendo-se por toda a sessão transversa do músculo e resultando
em virtualmente completa perda de função muscular e dor intensa é
determinada como estiramento ou contusão grave (grau III). A falha
na estrutura muscular é evidente, e a equimose costuma ser extensa,
situando-se muitas vezes distante ao local da ruptura. O tempo de
cicatrização desta lesão varia de quatro a seis semanas. Este tipo
de lesão necessita de reabilitação intensa e por períodos longos
de até três a quatro meses. O paciente pode permanecer com algum
grau de dor por meses após a ocorrência e tratamento da lesão.
FISIOPATOLOGIA
O que distingue a
cicatrização da lesão muscular da cicatrização óssea é que no
músculo ocorre um processo de reparo, enquanto que no tecido ósseo
ocorre um processo de regeneração. A cicatrização do músculo
esquelético segue uma ordem constante, sem alterações importantes
conforme a causa (contusão, estiramento ou laceração).
Três fases foram
identificadas neste processo: destruição, reparo e remodelação.
As duas últimas fases (reparo e remodelação) se sobrepõem e estão
intimamente relacionadas.
Fase 1: destruição
– caracterizada pela ruptura e posterior necrose das miofibrilas,
pela formação do hematoma no espaço formado entre o músculo roto
e pela proliferação de células inflamatórias.
Fase 2: reparo e
remodelação – consiste na fagocitose do tecido necrótico, na
regeneração das miofibrilas e na produção concomitante do tecido
cicatricial conectivo, assim como a neoformação vascular e
crescimento neural.
Fase 3: remodelação
– período de maturação das miofibrilas regeneradas, de contração
e de reorganização do tecido cicatricial e da recuperação da
capacidade funcional muscular.
Como as miofibrilas
são fusiformes e muito compridas, há um risco iminente de que a
necrose iniciada no local da lesão se estenda por todo o comprimento
da fibra. Contudo, existe uma estrutura específica, chamada de banda
de contração, que é uma condensação do material citoesquelético
que atua como um “sistema antifogo”.
Uma vez que a fase
de destruição diminui, o presente reparo da lesão muscular começa
com dois processos simultâneos e competitivos entre si: a
regeneração da miofibrila rota e a formação do tecido conectivo
cicatricial. Uma progressão balanceada destes processos é
pré-requisito para uma ótima recuperação da função contrátil
do músculo. Embora as miofibrilas sejam genericamente consideradas
não mitóticas, a capacidade regenerativa do músculo esquelético é
garantida por um mecanismo intrínseco que restaura o aparato
contrátil lesionado. Durante o desenvolvimento embrionário, um pool
de reserva de células indiferenciadas, chamado de células
satélites, é armazenado abaixo da lâmina basal de cada miofibrila.
Em resposta à lesão, estas células primeiramente se proliferam,
diferenciam-se em miofibrilas e, finalmente, juntam-se umas às
outras para formar miotúbulos multinucleados. Com o tempo, a
cicatriz formada diminui de tamanho, levando as bordas da lesão à
uma aderência maior entre si. Contudo, não se sabe se a transecção
das miofibrilas dos lados opostos da cicatriz vai, definitivamente,
se fundir entre si ou se irá formar um septo de tecido conectivo
entre elas.
Imediatamente após
a lesão muscular, o intervalo formado entre a ruptura das fibras
musculares é preenchido por hematoma. Dentre o primeiro dia, as
células inflamatórias, incluindo os fagócitos, invadem o hematoma
e começam a organizar o coágulo. A fibrina derivada de sangue e a
fibronectina se intercalam para formar o tecido de granulação, uma
armação inicial e ancoramento do local para os fibroblastos
recrutados. Mais importante, este novo tecido formado provê a
propriedade de tensão inicial para resistir às contrações
aplicadas contra ele. Aproximadamente 10 dias após o trauma, a
maturação da cicatriz atinge um ponto em que não é mais o local
mais frágil da lesão muscular.
Apesar de a maioria
das lesões do músculo esquelético curar sem a formação de tecido
cicatricial fibroso incapacitante, a proliferação dos fibroblastos
pode ser excessiva, resultando na formação de tecido cicatricial
denso dentro da lesão muscular. Um processo vital para a regeneração
do músculo lesionado é a área de vascularização. A restauração
do suprimento vascular é o primeiro sinal de regeneração e
pré-requisito para as recuperações morfológica e funcional
subsequentes.
Fonte:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-36162011000300003
Alternativa
assinalada no gabarito da banca organizadora: E
Alternativa que
indico após analisar: E
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