Faculdade Mario Schenberg

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

FCC – TRT 23 2007 – Questão 50

50. É correto afirmar:

(A) A capacidade vital é a soma do volume corrente com o volume residual.

(B) A capacidade residual funcional e o volume residual podem ser medidos com um espirômetro simples.

(C) A capacidade residual funcional é o volume exalado do pulmão quando se realiza uma inspiração profunda seguida de expiração máxima.

(D) O gás que permanece no pulmão após uma expiração máxima é o volume residual.

(E) A capacidade pulmonar total é a soma de todos os volumes e capacidade, exceto a capacidade residual funcional.



A “D” é correta.

Os volumes pulmonares podem ser classificados como volumes estáticos (absolutos) e volumes dinâmicos.

Os volumes pulmonares estáticos são os resultantes da complementação de manobras respiratórias, consistindo em compartimentos pulmonares.

Os volumes pulmonares dinâmicos são os decorrentes de manobras respiratórias forçadas, expressam variáveis e parâmetros de fluxo aéreo e são medidos através da espirometria.

A determinação completa dos volumes pulmonares absolutos (“volumes pulmonares”) constituem-se numa das etapas da avaliação funcional pulmonar, seguindo-se usualmente à espirometria.

VOLUMES PULMONARES ESTÁTICOS

Os volumes pulmonares estáticos são constituídos por quatro volumes (compartimentos indivisíveis) e quatro capacidades (compartimentos compreendendo dois ou mais volumes), a saber: volume de ar corrente (VAC), volume expiratório de reserva (VER), volume inspiratório de reserva (VIR), volume residual (VR), capacidade vital (CV), capacidade residual funcional (CRF), capacidade inspiratória (CI) e capacidade pulmonar total (CPT). Quando não especificado, a expressão volumes pulmonares refere-se genericamente tanto a volumes como a capacidades.

Os volumes pulmonares que podem ser medidos por espirometria – VAC, VIR, VER, CI, CV – são volumes de determinação direta. O VR não pode ser medido pela espirometria, necessitando de técnicas de diluição de gases, de pletismografia ou de avaliação radiográfica, para sua determinação.

Assim, as capacidades que incorporam o VR – CRF e a CPT – também não podem ser medidas direta e isoladamente pela espirometria. Dependendo da técnica empregada e do parâmetro considerado, associa-se a manobra espirométrica para obtenção dos resultados finais. Os volumes pulmonares mais utilizados para o processo diagnóstico funcional são o VR e a CPT. A CRF tem sido mais de interesse fisiológico, mas sua incorporação ao processo diagnóstico de rotina pode oferecer importantes subsídios.

Definição dos volumes e sua participação relativa na CPT, em adultos normais em repouso.

Volume de ar corrente (VAC). Volume de ar inspirado e expirado espontaneamente em cada ciclo respirató- rio. Embora seja uma subdivisão da CPT, é um volume dinâmico, variando com o nível da atividade física. Corresponde a cerca de 10% da CPT.

Volume inspiratório de reserva (VIR). Volume máximo que pode ser inspirado voluntariamente ao final de uma inspiração espontânea, isto é, uma inspiração além do nível inspiratório corrente. Corresponde a cerca de 45 a 50% da CPT.

Volume expiratório de reserva (VER). Volume má- ximo que pode ser expirado voluntariamente a partir do final de uma expiração espontânea, isto é, uma expira- ção além do nível de repouso expiratório. Corresponde a cerca de 15-20% da CPT.

Volume residual (VR). Volume que permanece no pulmão após uma expiração máxima. Corresponde a cerca de (20) 25 a 30 % da CPT. Não pode ser medido diretamente pela espirometria, sendo obtido a partir da determinação da CRF, subtraindo-se o VER da CRF ou subtraindo-se a CV da CPT (com medida primária da CRF), conforme o método utilizado para a mensuração dos volumes pulmonares.

Capacidade vital (CV). Volume medido na boca entre as posições de inspiração plena e expiração completa. Representa o maior volume de ar mobilizado. Compreende três volumes primários: VAC, VIR, VER. Corresponde a cerca de 70-75% (80) da CPT. Conforme a mensuração for inspiratória ou expiratória, lenta ou forçada, podemos ter: (1) Capacidade vital inspirada (CVI): medida realizada de forma lenta partindo de expiração completa até inspiração plena. (2) Capacidade vital inspiratória forçada (CVIF): medida realizada de forma forçada partindo de expiração completa até inspiração plena, aplicando-se para a determinação de fluxos inspiratórios. (3) Capacidade vital lenta (CVL): medida realizada de forma lenta, partindo de posição de inspiração plena para a expiração completa. (4) Capacidade vital forçada/CVF: determinada por meio de uma manobra de expiração com esforço máximo, a partir de uma inspiração plena até um a expiração completa; é a matriz da espirometria expiratória forçada. (5) Capacidade vital combinada (CVC): determinada em duas etapas, de forma relaxada com a soma das determinações do VAC e do VIR em um tempo e do VER em outro tempo. É mais um conceito teórico, não sendo utilizada na prática. Pode ser uma alternativa a ser empregada em pacientes com limitação ventilatória por dispnéia. Em condições de normalidade os valores das cinco formas de CV são iguais. Em processos obstrutivos pode haver diferença: CVI > CVL > CVF.

Capacidade inspiratória (CI). É o volume máximo inspirado voluntariamente a partir do final de uma expiração espontânea (do nível expiratório de repouso). Compreende o VAC e o VIR. Corresponde a cerca de 50-55% da CPT e a cerca de 60 a 70% da CV.

Capacidade residual funcional (CRF). Volume contido nos pulmões ao final de uma expiração espontânea. Compreende o VR e o VER. Corresponde a cerca de 40- 50% da CPT. As vezes é referido como volume de gás torácico (VGT), que é a mensuração objetiva nas técnicas empregadas para determinar a CRF.

Capacidade pulmonar total (CPT). Volume contido nos pulmões após uma inspiração plena. Compreende todos os volumes pulmonares e é obtido pela soma CRF com a CI. Nível do final da inspiração. O fim da fase de inspiração corrente é chamado de nível inspiratório corrente ou de repouso (por ausência de fluxo aéreo, mas sem repouso mecânico). Nível do final da expiração. O fim da fase expiratória é chamado de nível expiratório de repouso, pela ausência de fluxo aéreo e de esforço muscular (em condições de normalidade). Corresponde a CRF. Nível inspiratório máximo. Nível ao final de uma inspiração voluntária plena. Corresponde à CPT. Nível expiratório máximo. Nível de final de expira- ção voluntária completa, após a exalação do VER. Corresponde ao VR. Em resumo, na determinação dos volumes pulmonares: (a) a espirometria permite a obtenção direta de três volumes: VAC, VIR, VER; (b) a CV agrega VAC, VIR, VER; (c) a CI agrega VAC e o VIR; (d) a CRF é obtida de forma indireta (diluição de gases, pletismografia ou mensurações radiográficas; (e) o VR é calculado subtraindo-se o VER da CRF ou subtraindo-se a maior medida da CV da CPT; (f) a CPT é obtida somando-se a CRF à CI(5). Os volumes pulmonares variam em função de fatores como gênero, idade, altura, peso, postura, atividade física e etnia.

Alternativa assinalada no gabarito da banca organizadora: D

Alternativa que indico após analisar: D


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