Anne J Haugen, Jens I Brox, Lars Grovle, Anne Keller, Bard Natvig, Dag M Soldal, Margreth Grotle. Prognostic factors for non-success in patients with sciatica and disc herniation. BMC Musculoskeletal Disorders 2012, 13:183.
http://issuu.com/fisioterapia_manual/docs/bmc-musculoskeletal-disorders-03/11?e=6472131/3024676
Esta foi uma pesquisa multicêntrica realizada na Noruega entre 2005 e 2006, coordenada pela médica reumatologista Anne Haugen para obtenção do título de PhD. O principal objetivo da pesquisa foi descobrir quais os fatores que estão relacionados ao não-sucesso do tratamento conservador (não-cirúrgico) após 1 e 2 anos de acompanhamento.
Os pacientes de 4 hospitais do sudeste da Noruega foram convidados a participar do estudo. Ao todo, foram 466 pacientes com ciatalgia e hérnia de disco lombar. Eles responderam os questionários sobre fatores prognósticos no dia da inclusão na pesquisa, e questionários sobre sucesso do tratamento no 3º, 6º, 12º e 24º mês. Desses pacientes, 120 se submeteram à cirurgia para hérnia discal durante o período da pesquisa, 81% destes nos 3 primeiros meses de acompanhamento. Além desses, 57 deixaram de responder os questionários no 12º mês, e 86 não responderam ao questionário no 24º mês.
Entre os pacientes tratados cirurgicamente, 35% não tiveram sucesso com o tratamento após 1 ano e 39% não tiveram sucesso após 2 anos. Entre os tratados sem cirurgia, 47% não tiveram sucesso após 1 ano, e 39% não tiveram sucesso após 2 anos.
No entanto, o principal achado da pesquisa não foi o índice de não-sucesso dos tratamentos (até porque não houve critério metodológico no tipo de procedimento cirúrgico nem no procedimento conservador), mas os fatores prognósticos para o não-sucesso.
Após 1 ano, os fatores prognósticos para não-sucesso do tratamento foram as queixas subjetivas de saúde no último mês (p. ex. dor muscular, dor de cabeça, dor/desconforto no estômago, ondas de calor, palpitações, problemas de sono, cansaço, tonturas, ansiedade e depressão), homens, fumantes, pacientes com altos escores de dor lombar, fraqueza muscular no exame clínico, e pacientes que não se submeteram a cirurgia. Após 2 anos, os seguintes fatores foram estatisticamente significativos: as queixas subjetivas de saúde no último mês, longa duração da lombalgia e ciatalgia, fraqueza muscular no exame clínico, fumantes e cinesiofobia (medo de movimentar-se).
A pesquisa conclui que fatores psicossociais são mais importantes para determinar o prognóstico a 1 e 2 anos nos casos de ciatalgia e hérnia discal do que as disfunções e sintomas da ciatalgia. Dentre esses fatores, destacam-se as queixas subjetivas de saúde no último mês, a cinesiofobia e a duração dos sintomas. Os autores da pesquisa referem que estas informações não são comumente coletadas na consulta inicial desses pacientes, mas deveriam, já que devemos nos preocupar com a melhora do paciente não apenas a curto prazo, mas também a longo prazo. “Fatores e tratamentos que melhorem o resultado a curto prazo são importantes para o paciente e para a sociedade, mas pode ser até mais importante identificar os fatores que predizem resultados a longo prazo em um estágio precoce, de modo a ajudar o paciente a resolver seus problemas.”
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