Relato de caso
Paciente M.G.M.,
sexo feminino, 49 anos, residente de Tubarão/SC, e aposentada e
atualmente e costureira. A QP e a dor na face posterior do joelho
bilateralmente, e dificulta suas AVD's. Na HDA os sintomas da artrite
reumatóide (A. R.) iniciaram-se há sete anos, logo após sua
menopausa. Primeiramente os joelhos foram acometidos, logo depois as
dores em MMSS começaram a aparecer, juntamente com nódulos nas mãos
(a. metacarpofalangeanas) bilateralmente. Na HDP, paciente teve um
AVC e uma PCR aos 28 anos de idade. Paciente tem osteoporose em MMII.
Diz que após a menopausa tem sofrido quedas consecutivas e
freqüentes, sendo que a ultima foi há um mês, onde a dor em
joelhos se exacerbou. Na HF sua mãe teve AVC, pai com IAM e ambos
tinham DM, tem uma tia com A . R. Nos HV, paciente refere ter uma
dieta balanceada e saudável, inativa, sono intraquilo pela
patologia. A dor e do tipo irritável, afeta o sono e as AVD's,
agrava-se com a mudança de tempo (frio), alivia com medicamentos,
argila, compressas quentes. Localiza-se em joelhos-face posterior.
Seus medicamentos são: Gelopan(r), Nimesulidi(r) e Corticorten(r), .
No exame hematológico, apresenta fator reumatóide positivo. Na
inspeção a paciente apresenta cistos de Baker na face posterior do
joelho bilateralmente, e nódulos reumatoides nas articulações
metacarpofalangeanas bilaterais, sendo sensíveis a palpação e
apresentam-se com temperatura elevadas. Apresenta vasculite
reumatóide em regiões perimaleolar bilateralmente, sendo que a pele
da paciente exprime um aspecto de rompimento vascular, sendo
vermelha, e após dias e visível uma espécie de hematoma. No exame
físico paciente apresenta sensibilidade ( tátil, térmica e
dolorosa) presentes, reflexos normais, e a ADM e força muscular nas
articulações de MMII, MMSS e tronco são normais, embora há
restrição nas a . de joelho e punho, mão e dedos, bilateralmente.
No teste de força muscular de quadríceps apresenta grau 3, e nos
flexores de punho grau 2. A ADM articular apresenta:
Articulação
|
Direito
|
Esquerdo
|
Flexão de punho
|
40º
|
50º
|
Extensão de punho
|
50º
|
20º
|
Flexão de joelho
|
100º
|
80º
|
Extensão de joelho
|
20º
|
10º
|
na
avaliação postural, paciente apresentava joelhos varos e
recurvatum.
A
paciente tem diagnostico de artrite reumatóide, confirmado pelos
critérios diagnósticos do Colégio Americano de Reumatologia,
sendo:
*
Rigidez articular matinal de pelo menos uma hora;
*
Artrite de três ou mais articulações, por mais de 06 semanas;
*
Artrite das articulações das mãos e ou de punhos, por mais de 06
semanas;
*
Artrite simétrica, bilateral, simultânea, por mais de 06 semanas;
*
Presença de nódulos reumatóides
*
sendo necessários 04 ou mais critérios presentes para estabelecer o
diagnostico de A . R.
Objetivos do tratamento
Em
vista da A . R. ser uma patologia sistêmica o tratamento proposto
visa:
*
manutenção da ADM articular e força muscular em tronco, MMSS e
MMII ( com exceção das articulações afetadas: punho e mãos, e
joelhos, bilateralmente);
*
ganho de ADM articular e força muscular em punho, mãos e joelhos,
bilateralmente;
* melhora da capacidade aeróbica, aprimorando o
funcionamento cardio-respiratório;
* orientações a paciente
quanto a importância da mobilidade, alongamentos e atividades
aeróbicas em seu domicilio, e atenção ergonômica a possíveis
quedas.
Plano de tratamento
* alongamento ativo de
MMSS, MMII e tronco (1-20') com o auxilio do espaldar;
* uso da
bicicleta por 15 min., onde a carga era aumentada progressivamente, e
essa atividade era associada a cinesioterapia ativa de MMSS com o uso
do bastão (3x15);
* cinesioterapia resistida de punho, mão e
dedos bilateralmente com o uso dos exercitadores: Power Web(r), Kit
Kanavel(r) ( faixas pretas) e Thera Band(r) (faixas pretas), sendo
para cada movimento 3x15;
* cinesioterapia resistida de joelho
bilateral utilizando caneleiras de 1,0Kg com os movimentos de
flexo-extensão de joelho, com 3x15.
Evolução
Na
reavaliação, notou-se melhora na performance das atividades que
exigiam força em punho e mão bilaterais , o Power Web(r) que era
verde, passou para vermelho, os nódulos presentes nas a .
metacarpofalangeanas diminuíram. A carga da bicicleta que era de 1Kg
aumentou para 1,5Kg. A força muscular foi aumentada, como mostra a
tabela abaixo.
Musculatura
|
Antes
|
Depois
|
Quadríceps
|
3
|
4
|
Flexores de punho
|
2
|
4
|
*sem
unidades de medida
A
ADM articular se manteve quanto aos movimentos de flexão e extensão
de joelhos bilaterais, já em punhos houve evolução, conforme as
tabelas a seguir:
Membro
|
Antes
|
Depois
|
Flexão de punho
|
40
|
65
|
Extensão de punho
|
50
|
60
|
*
medidas em graus
Membro
esquerdo
|
Antes
|
Depois
|
Flexão de punho
|
50
|
70
|
Extensão de punho
|
20
|
35
|
*medidas
em graus
Discussão
Van
den Endel, et.al. (2005) explicam que a A.R. é uma enfermidade
inflamatória crônica que afeta o sistema músculo esquelético;
sendo a inflamação das articulações e tendões promovem dor,
tumefação e limitação de movimento, ocasionado deformidades.
Explicam também que esses pacientes tem uma menor flexibilidade
articular, força muscular, resistência e capacidade aeróbica,
quando comparados a indivíduos sem essa patologia.
Vand der
Giesen, et.al. (2005) relatam que a A .R. é uma desordem crônica
que afeta 1% da população.
Mantilla (2005) entende que a
A.R. é uma enfermidade caracterizada por um comprometimento
poliarticular progressivo e destrutivo, e há ocasiões de mau
prognóstico, levando a invalidez.
Sato e Ciclonelli (2000)
resumem que a A .R. é uma doença auto-imune de etiologia
desconhecida caracterizada por poliartritecrônica, simétrica e
erosiva, podendo haver envolvimento sistêmico.
Atagon Pinto
(2001) afirma que é uma enfermidade geral e difusa do tecido
conjuntivo caracterizada primordialmente por lesões inflamatórias
articulares.
Atra et.al. (1988) presumem que a A .R. tem
etiologia obscura e provavelmente imunológica; as teorias ou fatores
etiopatogênicos da A .R. são: fatores genéticos, microbianos e
virais, imunológicos ou psicogênicos.
Anaya et.al. (1994)
citam que e a maioria dos pacientes com A.R. apresentam fator
reumatóide positivo, nódulos subcutâneos, sendo que podem ter
acometimentos pulmonares, e ainda relatam que e mais comum em
mulheres.
Gonzallez (2005) diz que os principais sintomas da A
.R. são dor e rigidez matinal.
Fernandes (2000/2001) descreve que
a A .R. tem comprometimentos articulares, como a rigidez matinal, dor
a movimentação e a palpação, edemas, aumento da temperatura
articular; e comprometimentos extra-articulares como acometimentos
oculares, cardíacas, pulmonares, e neurológicos. Cita que há
presença de nódulos reumatóides em 20 a 30% dos pacientes nas
superfícies extensoras de MMSS, assim como em qualquer parte do
corpo. Ainda explica que a vasculite reumatóide ocorre
principalmente em pacientes com A .R. de longa duração, se
manifesta como ulcera isquêmica em região perimaleolar, mas pode
acometer vasos viscerais e determinar ate risco de morte.
Aris
(2003) explica que todas as articulações diartrodiais podem ser
comprometidas, destacando a " mão reumatóide", com graus
variados de incapacidades. Alem disso, o comprometimento
extra-articular destaca o nódulo reumatóide e vasculite reumatóide,
sendo que 80% dos pacientes tem fator reumatóide positivo.
Vand
der Giesen, et.al. (2005) resumem que nesses pacientes a mão e
freqüentemente envolvida; num estudo foi observado que 64% dos
pacientes com A . R. tinha envolvimento com a mão. Explicam que as
articulações das mãos e punhos ficam inflamadas, sensíveis,
freqüentemente resulta em dor, limitação da mobilidade articular,
edema, perda ou diminuição da força muscular e deformidades;
tem-se encontrado que a força da mão em pacientes com A .R. e 75%
menor que a da população normal.
Li, Judd e Pencharz (2005)
concluem que o tratamento fisioterapêutico consta de técnicas
manuais, exercícios, treinamento funcional e atividades aeróbicas,
alem da educação do paciente.
Van den Endel, et.al. (2005)
relatam que o exercício tem como objetivos: preservar e recuperar a
capacidade funcional, por meio da melhora da mobilidade articular,
força muscular, resistência e capacidade aeróbica; sendo os
exercícios de caráter isotônico são mais eficazes para melhorar a
força muscular e a capacidade aeróbica.
Sato e Ciconelli
(2000) dizem que os objetivos da fisioterapia são o alivio da dor,
manter ou melhorar a capacidade funcional, prevenir a incapacidade e
adaptar o paciente ao meio e melhorar a sua qualidade de vida.
Vand
der Giesen, et.al. (2005) afirmam que nesses pacientes, o tratamento
tem de constar de exercícios específicos para as mãos, como treino
funcional para melhorar as habilidades manuais, assim como o treino
de força nessa musculatura.
Fernandes (2000/2001) diz que na
A.R. a cinesioterapia atua nas estruturas osteomioarticulares,
melhorando a capacidade funcional, muito prejudicada nestes
pacientes.
Van den Endel, et.al. (2005) concluem que vários
estudos mostraram que um programa de exercícios de condicionamento
físico com bicicleta, caminhadas e exercícios na piscina, em
pacientes com A.R., resultaram em uma melhora da capacidade aeróbica
nos grupos submetidos a essas atividades, comparando-se ao grupo
controle, sem essas atividades.
Referências
bibliográficas
Aragon
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artritis reumatoidea. Rev. Colomb. Neumol;6(1):30-9, mar.
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reumatóide. RBM rev. bras.
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29/04/05.
Li L, Judd M, Pencharz JN. Comprehensive
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2, 2005. Oxford: Update Software.
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Disponible em: http://www.encolombia.com/reuma722000-sinoviolisis.htm
Acesso em: 29/04/05.
Sato, Emília Inoue; Ciconelli, Rozana
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con ejercicios dinámicos para la artritis reumatoidea. The Cochrane
Library, Issue 2, 2005. Oxford: Update Software.