Faculdade Mario Schenberg

quarta-feira, 5 de março de 2014

Lesões Agudas Traumáticas dos Nervos Periféricos - parte I

Conteúdo
1. Mecanismos de lesões agudas dos nervos periféricos
2. Diagnóstico das lesões agudas dos nervos periféricos
3. Tempo e distância na regeneração
4. Evidências da regeneração nervosa

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Lesões traumáticas de nervos periféricos ocorrem quando por algum motivo externo, a pessoa tem algum nervo periférico seccionado e/ou esmagado, causados por batida, corte, perfuração e até choque elétrico. Tais traumas ocorrem principalmente devido a acidentes de carro, lacerações por vidro, facas ou metais e fraturas de ossos longos. Tais lesões resultam em profundas modificações e reorganizações bioquímicas, tanto do sistema nervoso periférico quanto do sistema nervoso central mais especificamente da medula espinhal.

Os mecanismos naturais de reorganização dos circuitos da medula espinhal com uma lesão são muito complexos, podendo resultar em um benefício adaptativo, em alguns casos regenerando-o, bem como gerar efeitos colaterais, como dores ou hiperreflexia.

Apesar de muitos esforços neste campo de pesquisa, uma cura para tais lesões não existe efetivamente, e os tratamentos são para redução dos danos e dos efeitos secundários.

Pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglattera, mostraram que ratos podem se recuperar a destreza manual após séria lesão periférica, combinando um tratamento medicamentoso com um treino físico específico. A aplicação da droga denominada condroitinase imediatamente após a lesão nervosa induz os neurônios lesados a ramificarem suas ligações, permitindo a recuperação da conexão das partes previamente lesadas.

Mas só o tratamento com a droga não é suficiente: é necessária uma reabilitação física específica, que incite o uso da nossa “sintonia fina”. Quando queremos pegar uma agulha ou quando queremos pegar uma balinha dentro de um saco cheio delas, temos de usar nossa destreza manual para não furar a mão e para se pegar a balinha correta.

Estes exercícios são os adequados em conjunto com o tratamento medicamentoso para a reabilitação periférica.

Interessantemente, quando exercícios gerais como caminhar e subir escadas são combinados com a condroitinase, o resultado não é satisfatório, bem como não são satisfatórios somente a medicamentação ou somente o exercício físico correto.

Além das ótimas perspectivas para o tratamento de pessoas com lesões traumáticas de nervos periféricos, este estudo mostra a importância da combinação entre o tratamento medicamentoso combinado com a reabilitação física.

Comentário feito por: Daniel Martins-de-Souza, Ph.D.
Fonte: García-Alías G, Barkhuysen S, Buckle M, Fawcett JW. Chondroitinase ABC treatment opens a window of opportunity for task-specific rehabilitation. Nat Neurosci. 2009 Sep;12(9):1145-51.

1. MECANISMOS DE LESÕES AGUDAS DOS NERVOS PERIFÉRICOS

Laceração e Contusão

São causadas por instrumentos penetrantes, por fragmentos ósseos resultantes de fraturas e por arma de fogo. Nos ferimentos por instrumentos penetrantes e por fragmentos ósseos é causada diretamente pelo agente, no momento do trauma.

Nas lesões por arma de fogo, o nervo é deslocado abruptamente para fora do seu trajeto, na passagem do projetil e, em seguida, retorna à posição original. Por isto, os ferimentos por arma de fogo resultam, não somente em contusão local, mas também, em ruptura interna dos axônios e do tecido conjuntivo de sustentação.

O mecanismo de deslocamento do nervo na lesão por arma de fogo é bastante frequente, pois, muitas vezes, o projetil não colide diretamente com o nervo.

Aproximadamente a metade dos nervos que sofre paralisia completa por projetil de arma de fogo recupera algum grau de função útil, enquanto 20% das lesões por fratura causam neurotmese suficientemente grave para que seja necessária a resseção do fragmento lesado e a sutura dos cotos do nervo (Kline & Nulsen, 1982). Por este motivo, a decisão por um tratamento clínico, ou a avaliação macro e microscópica intraoperatória das lesões em continuidade é, muitas vezes, difícil.

Estiramento-Tração

Geralmente acontecem durante movimentos exagerados na articulação do ombro, com ou sem luxação articular ou fratura do úmero ou da clavícula.

Os elementos inferiores também são atingidos com maior frequência, embora os elementos inferiores também possam ser comprometidos. Apesar de geralmente ocorrerem em traumatismos fechados, todos os graus de lesões podem acontecer, desde a avulsão de raízes da medula até a lesão de um tronco, que permanecem em continuidade e que pode apresentar, predominantemente, axonotmese ou neurotmese.

Os vários elementos do plexo braquial podem ser acometidos por lesões de diferentes intensidades e o mais importante é que as lesões não são focais e sim estendem-se por um longo trajeto do nervo. Durante o parto, os elementos do plexo braquial podem ser lesados por estiramento durante as manobras de liberação da criança. O tipo mais comum ocorre nos partos com apresentação cefálica em decorrência das manobras de liberação forçada dos ombros, com tração cefálica com comprometimento dos elementos superiores do plexo.

As manifestações clínicas traduzem-se por predomínio do comprometimento dos movimentos da articulação do ombro e do cotovelo (paralisia de tipo superior ou de Duchene-Erb).

Com menor frequência, os elementos inferiores podem ser comprometidos durante o parto pélvico, por hiperabdução dos braços durante a tração efetuada pelo corpo, com lesão predominante dos movimentos da mão (paralisia de tipo inferior ou de Dejerine-Klumpke).

As lesões do plexo braquial durante o parto podem apresentar ou não recuperação espontânea, dependendo do grau de lesão. Outra causa relativamente frequente de lesão do plexo braquial por estiramento é o acidente com motocicleta, em que o indivíduo é arremessado do veículo e choca o ombro contra o solo. Geralmente, a lesão é predominante no tronco superior, mas o comprometimento pode ser mais extenso, inclusive com avulsão completa das raízes, caracterizando o quadro do “membro superior flácido”.

Acidentes do trabalho em que o indivíduo prende o braço em esteiras rolantes ou giratórias, também, são causas de estiramento do plexo braquial e, ocasionalmente, o plexo braquial pode ser iatrogenicamente comprometido por estiramento durante procedimentos cirúrgicos em que os braços são hiperabduzidos.

As raízes do plexo lombosacral podem sofrer estiramento por meningoceles e, excepcionalmente, o plexo pode sofrer lesões distais por estiramento devido à hiperextensão grave da coxa ou por fraturas pélvicas.

O ramo fibular (peroneiro) do ciático pode sofrer estiramento quando há luxação ou fratura da articulação do quadril e o nervo fibular pode ser estirado acompanhando a avulsão da cabeça da fíbula.

O problema mais importante das lesões por estiramento é que, embora elas possam melhorar espontaneamente, não há tratamento cirúrgico definitivo quando isto não acontece. Geralmente, quando há predomínio de neurotmese, o segmento comprometido é muito extenso e a reparação pode exigir longos enxertos que, nas lesões proximais nem sempre apresentam bons resultados (Kline & Nulsen, 1982).

Compressão / Isquemia

Ocorre em várias situações, por pressão externa (posturas viciosas, compressão por torniquetes ou por talas de gesso), ou por posturas extremas durante anestesias para cirurgias, ou durante o sono anormal induzido por intoxicações exógenas.

As lesões observadas por isquemia variam desde alterações discretas da mielinização até a degeneração walleriana completa.

Lesões por compressão podem desenvolver-se após traumas perfurantes e devem ser prevenidas ou tratadas precocemente. Como exemplo, os troncos nervosos do plexo braquial podem ser comprimidos por um saco aneurismático ou por uma fístula arteriovenosa resultantes de lesão da artéria subclávia.

As manifestações clínicas caracterizam-se pelo aparecimento, ou progressão de dor ou déficits neurológicos, algum tempo após o trauma inicial.

A formação de hematomas em espaços potencialmente apertados (sob a musculatura glútea, entre os músculos do jarrete, ou entre a fáscia profunda do antebraço e a fáscia do pronador redondo ao nível do cotovelo e associada a edema podem causar compressão aguda de nervos que requer descompressão urgente.

A manipulação dos membros para alinhamento de fraturas pode causar lesões de nervos previamente íntegros, que podem variar desde sua seção até a formação de hematomas resultantes da ruptura de vasos do epineuro.

Fraturas graves, com torção da tíbia, podem causar paralisia lenta e progressiva do nervo fibular por estiramento e por compressão por hematoma.

A contratura de Volkmman (síndrom,e compartimental) é um exemplo grave de paralisia isquêmica que pode ocorrer após a manipulação, ou após a imobilização com gesso, de uma fratura fechada dos ossos do antebraço, próximo ao cotovelo e associada a edema e hemorragia no compartimento anterior do antebraço.

Quando a isquemia é grave, pode ocorrer infarto da musculatura volar do antebraço, com lesões do nervo mediano, e ocasionalmente do nervo ulnar, que podem ser extensas, com fibrose do epineuro.

A presença de edema da extremidade com parestesias dolorosas deve alertar para a possibilidade de uma síndrome de compartimento, antes que apareçam sinais vasculares mais óbvios. O tratamento de uma suspeita de síndrome de compartimento é a descompressão cirúrgica imediata e, geralmente, a lesão nervosa pode ser prevenida. Mas, torna-se irrecuperável quando as alterações isquêmicas envolvem um segmento longo do nervo.

Choque Elétrico

Estas lesões geralmente resultam do contato acidental de uma extremidade com fios de alta tensão. A passagem de corrente elétrica de alta voltagem, geralmente, determina lesões nervosas e musculares. O mecanismo intrínseco da lesão por choque elétrico é discutível e pode ser atribuído à ação direta da corrente na fibra nervosa ou ao efeito térmico causado durante a passagem da corrente elétrica (Sunderland, 1978).

Os segmentos dos nervos atingidos podem sofrer necrose completa e as células necrosadas, posteriormente, dão lugar a tecido cicatricial. A estrutura fascicular pode estar preservada, mas lesão intrafascicular pode ser grave, o suficiente para impedir a regeneração neuronal.

Os músculos da extremidade, frequentemente, sofrem grandes coagulações que levam a graves contraturas que diminuem as chances de reinervação. Alguns pacientes têm recuperação útil da função, e outros não, e a substituição de grandes segmentos lesados por enxertos é dificultada pelas extensas queimaduras da pele e necrose óssea que geralmente acompanham estes casos.

Injeção de Drogas

Injeções de drogas próximas a nervos ou dentro deles podem causar graves lesões, nas quais o nervo permanece em continuidade. Os nervos atingidos com maior frequência são o ciático, na porção ínferomedial da nádega, e o nervo radial, na região lateral do terço médio do úmero. As drogas injetadas próximo ao nervo causam neurites e isquemia; as injeções intraneurais provocam degeneração axonal e da bainha de mielina por efeitos neurotóxicos (Gentili et al., 1979; 1980).

Quando a paralisia é notada imediatamente após a injeção de droga, a injeção de 50 a 100ml de solução salina, com intuito de diluir a droga, ou a lavagem aberta do local podem evitar a neuropatia permanente. Quando a paralisia é parcial, a conduta expectante é a melhor; mas se é completa, a exploração cirúrgica é necessária.

As lesões nervosas se não houver melhora clínica ou eletromiográfica significantemente, a exploração cirúrgica deve ser efetuada para a realização da estimulação elétrica do nervo e para o estudo de potenciais evocados, para a decisão por uma neurólise ou por resseção e enxerto.

2. DIAGNÓSTICO DAS LESÕES AGUDAS DOS NERVOS PERIFÉRICOS

Manifestações Clínicas

As alterações clínicas decorrentes de lesões dos nervos periféricos são os déficits da movimentação, da sensibilidade e alterações autonômicas, originárias da interrupção funcional ou anatômica dos prolongamentos celulares neles contidos.

No Quadro 1 são apresentadas as inervações motoras, sensitivas e autonômicas dos principais nervos periféricos, bem como as principais alterações decorrentes das suas lesões.


Exames Eletrofisiológicos

O diagnóstico das lesões agudas dos nervos periféricos na maioria dos casos é feito, sem grandes dificuldades, através do exame neurológico, pois as alterações clínicas de cada nervo lesado são características, de acordo com a sua área específica de inervação.

Entretanto, excepcionalmente, as lesões podem envolver parcialmente vários nervos simultaneamente, podem comprometer vários elementos de um plexo antes da formação dos grandes nervos periféricos, ou comprometer um nervo em mais de um segmento do seu trajeto, o que pode dificultar a interpretação do exame clínico.

Outra situação em que o exame clínico pode não dar informações suficientes é a presença de dor associada, que pode impedir à identificação da causa da dificuldade de execução de um movimento, ou seja, se ela é apenas antálgica ou é resultante de lesão nervosa. Nestas situações, os exames eletrofisiológicos poderão fornecer informações complementares que permitem o diagnóstico preciso.

Os 3 testes mais importantes para a avaliação eletrofisiológica dos nervos são o teste de estimulação dos troncos nervosos, a eletroneurografia (potencial evocado dos nervos), e a eletromiografia. Os 2 primeiros são capazes de detectar o processo de degeneração axonal numa fase precoce, enquanto que o último é útil quando a degeneração já ocorreu.

Teste de Estimulação

Consiste na aplicação de um estímulo elétrico superficial ou profundo, no tronco do nervo e na verificação da contração muscular.

Nervos profundos, como o radial e o ciático, requerem estimulação profunda com eletrodos de agulha porque a estimulação superficial atinge também diretamente os músculos das proximidades e se torna desconfortável.

Nestes casos, os troncos nervosos podem ser estimulados com correntes de baixa intensidade, através da inserção de duas agulhas inseridas próxima a ele. A estimulação pode ser efetuada também durante a exposição cirúrgica. Dependendo do grau de lesão, tem-se uma alteração de grau variado na condução do estímulo nervoso e, consequentemente, na contração da musculatura. Nos casos de lesão de primeiro grau (neuropraxia), a condução nervosa está presente abaixo da lesão e, por isso, haverá um bloqueio do movimento voluntário.

Se a lesão for mais grave, com comprometimento axonal e degeneração walleriana (lesão de segundo grau ou axonotmese), dependendo da gravidade da lesão em cada fibra e da quantidade de fibras comprometidas, haverá condução do estímulo distalmente à lesão apenas nos primeiros dias, antes que a degeneração complete-se, com resposta muscular ainda presente neste período, ou então, a resposta será obtida com um estímulo mais intenso que o normal.

Nas lesões de terceiro a quinto graus, existe a ruptura da fibra nervosa e dos envoltórios conjuntivos e a degeneração wallleriana instala-se rapidamente. Por este motivo, a condução nervosa é interrompida precocemente, mesmo com estimulação do nervo abaixo do ponto de lesão e não se observa resposta muscular, independente da intensidade do estímulo.

Eletromiografia

Consiste na captação de potenciais de ação das células musculares, através de eletrodos colocados sobre a pele ou inseridos diretamente nos músculos, durante a execução de movimentos voluntários, ou obtidos por estimulação elétrica dos nervos.

É o exame mais importante para demonstração da degeneração axonal e é, também, valioso para detecção de um processo de regeneração incipiente. Normalmente o músculo apresenta uma atividade ou potencial de inserção quando é inserida uma agulha. Após a inserção da agulha, o músculo em repouso não apresenta potenciais e, quando se solicita ao paciente a execução de um movimento voluntário, observa-se uma série de potenciais (potenciais de unidades motoras).

O músculo desnervado tem uma redução ou perde a atividade de inserção e os potenciais de unidades motoras e, em repouso, aparecem potenciais elétricos espontâneos (fibrilações), que refletem uma hiperexcitabilidade das células musculares.

As alterações nos potenciais musculares causadas pela desnervação aparecem 2 a 3 dias após a lesão do nervo (Bblumental & May, 1986; Kline & Nulsen, 1982; May, 1986 & Shambaugh, 1986; Strupler & Dengler, 1981) e, só após este período, pode-se ter uma noção precisa da intensidade e da extensão da desnervação.

Os achados característicos da desnervação permitem a inferência de que o processo de condução do impulso nervoso está interrompido. Entretanto, com um único exame eletromiográfico, geralmente é difícil estabelecer-se a gravidade e o prognóstico da lesão; melhores informações são obtidas com exames seriados que permitem a avaliação correta dos processos de degeneração e regeneração. Excepcionalmente, quando existe seção do nervo, a evolução da degeneração nervosa é rápida e os sinais de desnervação muscular poderão aparecer nos primeiros dias da lesão.

Eletroneurografia (Potencial de Ação de Nervo Evocado)

A eletroneurografia consiste na captação de potenciais evocados em um ponto de tronco nervoso distal a uma lesão em continuidade, após um estímulo efetuado em um ponto do nervo proximal à lesão, ou vice-versa (Kline & De Jong, 1968).

O exame geralmente é efetuado durante um procedimento cirúrgico. O potencial registrado pode ser avaliado quanto à sua amplitude e, conhecendo-se a distância entre os pontos de estimulação e de captação, a velocidade de condução do nervo pode ser medida (Kline & De Jong, 1968). Este estudo é efetuado durante a exposição do nervo. A captação de potenciais abaixo da lesão, após o estímulo proximal, depende da presença de fibras mielínicas de médio e de grosso calibres no coto distal, ou seja, fibras que atravessaram o local lesado. A regeneração destes tipos de fibras normalmente propicia o retorno da função, indicando um bom prognóstico.

A técnica de registro de potencial de ação do nervo pode ser aplicada também através de registros efetuados ao nível da pele, empregando-se a somação computadorizada dos potenciais, o que resolve o problema da pequena amplitude dos mesmos. Embora os registros não sejam tão bons quanto os realizados durante a exposição cirúrgica, o exame permite uma avaliação precoce da regeneração, através do aparecimento dos potenciais evocados, semanas ou meses antes da musculatura distal mostrar sinais clínicos e eletrofisiológicos de reinervação (Kline & Nulsen, 1982).

3. TEMPO E DISTÂNCIA NA REGENERAÇÃO

Apesar do ritmo de crescimento axonal e da maturação da função motora serem lentos, a regeneração ocorre em ritmo definido e parâmetros acurados podem ser estabelecidos em relação à época do trauma ou da sutura, para esperar-se sinais de reinervação.

Se o primeiro músculo alvo começa a apresentar função no tempo previsto, a decisão contra a exploração cirúrgica é clara. Se o resultado não é obtido no tempo previsto, ou se o aumento da atividade motora subsequente no primeiro músculo alvo não ocorre após a sutura, a intervenção está indicada, mesmo quando a lesão aparenta ter um prognóstico favorável ou a sutura prévia pareceu ser satisfatória.

O tempo necessário para regeneração axonal envolve as seguintes considerações:
Há um intervalo de tempo antes dos axônios em regeneração alcançarem o nervo distal ao local da lesão ou da sutura. Este intervalo pode ser de 2 a 11 semanas com axonotmese ou a estender-se a 4 semanas após uma sutura. A maioria dos traumas causa uma degeneração retrógrada proximal ao ponto da lesão e, geralmente, há um intervalo de 1 a 2 semanas até que os axônios em regeneração alcancem o local da lesão.
Uma vez no coto distal, os axônios em regeneração crescem a um ritmo de 1 mm por dia. Se o nível da lesão é conhecido, pode-se determinar o tempo que as fibras levarão para alcançar os músculos. Tabelas podem ser consultadas para o cálculo das distâncias de regeneração.
Há um intervalo final de semanas ou meses entre a chegada das fibras nervosas aos seus alvos e a maturação dos axônios e seus receptores que permitam a função máxima. Um número adequado de axônios, com calibre e mielinização suficientes, é necessário para produzir função útil. Além disso, para os axônios em regeneração serem efetivos, devem chegar próximo ao seu local de destinação original.
Os nervos regeneram melhor em crianças que em adultos e o ritmo de crescimento axonal é menor quanto mais distal é a lesão (por exemplo, 3 mm/dia no nervo ulnar após uma lesão na axila e 0,5 mm/dia após uma lesão no punho). Esta diminuição do ritmo de crescimento nas lesões distais deve-se, provavelmente, a um aumento da distância do corpo celular do neurônio nutridor na medula.

Apesar das considerações teóricas, a experiência clínica tem mostrado que existe um dado prático (Kline & Nulsen, 1982): a resposta motora à estimulação desenvolve-se considerando-se um ritmo de crescimento axonal de 1 polegada por mês. Movimentos voluntários visíveis podem demorar muito e o desenvolvimento de recuperação máxima da função continua por meses após este início.

4. EVIDÊNCIAS DA REGENERAÇÃO NERVOSA

Ao paciente com uma lesão de um nervo periférico, interessa primordialmente a recuperação da função motora, embora muitas vezes, a função sensorial seja também muito importante.

Todo esforço deve ser feito no sentido de fornecer ao paciente, o mais precoce possível, informações seguras a respeito da possibilidade ou não de ocorrer regeneração espontânea e, caso isto seja possível, aproximadamente quanto tempo isto levará para acontecer. Esta avaliação pode ser feita através do exame clínico e dos exames eletrofisiológicos.

Referência:
Colli, BO; Aspectos Gerais das Lesões Traumáticas Agudas dos Nervos Periféricos, acessado em 11 de Novembro de 2013.


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