Faculdade Mario Schenberg

quinta-feira, 13 de março de 2014

FUNRIO – São João da Barra/RJ 2010 – Questão 31

32. Paciente com diagnóstico de hérnia discal relata parestesia na face lateral do pé. Diante deste quadro, pode-se suspeitar de que sua hérnia está entre

(A) L4 – L5.

(B) L5 – S1.

(C) S1 – S2.

(D) L2 – L3.

(E) L3 – L4.


dermatomes-netter2

Questão sobre dermátomos. Elaborei o texto abaixo e inseri as melhores imagens que encontrei.

Vamos fazer um voo panorâmico.para reconhecer os dermátomos. Essa palavra vem do grego “pele” e “corte”. No sentido figurado do uso desse último termo, entendemos “tomo” como “porção que contém algo”. Nesse sentido, dermátomo deve ser interpretado como a porção da pele que contém a área inervada por um nervo, desde a sua raiz até sua porção final.

Inicio sobre os dermátomos dos MMII. A imagem abaixo, que versa sobre os sinais clínicos de irradiação por compressão nas vértebras lombares, é autoexplicativa:

 mmii dermatomos

Prosseguindo, vamos ver duas imagens sobre os dermátomos na posição de referência anatômica:


funcoes_sensitivas01funcoes_sensitivas02 


Nem sempre é fácil de se assimilar os níveis dos dermátomos por essas imagens. Se colocarmos a figura na posição a partir da qual nossos ancestrais evoluíram, temos uma nova visualização dos dermátomos:

dermatomes 4 apoios

Agora, algumas palavrinhas sobre a disfunção e o nível da lesão.

A medula espinhal é uma estrutura cilíndrica, comprida, envolta pelas meninges, que se estende do crânio até a borda inferior da primeira vértebra lombar.

Possui dois espessamentos, cervical e lombar, associados à saída das raízes de nervos espinhais. Os 31 pares de nervos produzem uma segmentação externa. Assim, se considera a medula composta por 31 segmentos, cada qual fornece pares de filamentos radiculares ventrais e dorsais.

A área da pele inervada por axônios sensitivos de cada raiz nervosa, que corresponde a um segmento medular é chamada de dermátomo.

O conjunto de fibras musculares inervadas por axônios motores de cada raiz nervosa, de cada segmento medular, é chamada de miótomo.

A melhor forma de se avaliar eventuais lesões em nervos espinhais é a escala ASIA. No site sobre a escala ASIA, é possível se realizar um curso excelente, mas que está em inglês e cuja versão com certificado é paga.

Aqui o site: http://www.asia-spinalinjury.org/

Andei vasculhando o site, e deixo o link de dois exames muito bem explicados e da ficha de avaliação.

Ficha de avaliação ASIA:

http://www.asia-spinalinjury.org/elearning/ASIA_ISCOS_high.pdf

Exame motor:

http://lms3.learnshare.com/Images/Brand/120/ASIA/Motor%20Exam%20Guide.pdf

Exame sensitivo:

http://lms3.learnshare.com/Images/Brand/120/ASIA/Key%20Sensory%20Points.pdf

Miótomos e seus segmentos motores conforme definidos pela ASIA e modo sugerido de exame neurológico:

• C5 (bíceps) - repouse a mão do paciente sobre o abdômen e peça para mover a mão para o nariz, para eliminar a gravidade. À seguir solicitar ao paciente para flexionar contra a gravidade e manter o movimento. Caso o paciente consiga realizar o movimento, apoie o ombro e aplique resistência.

• C6 (extensor do punho) – pedir ao paciente mover o punho para cima. À seguir peça para o paciente mover o punho para cima e manter. Após, empurre o punho para baixo.

• C7 (tríceps) - repouse a mão do paciente sobre o abdômen e peça para esticar o braço. Agora peça ao paciente para dobrar o braço e segurar a mão perto da orelha; Se houver movimentação normal, apoie o cotovelo e empurre o braço para baixo, testando contra resistência (não deixe o paciente usar ação escapular).

• C8 - separe o dedo do meio, imobilize a articulação interfalangeana proximal e segure a articulação metacarpofalangeana. Peça ao paciente para dobrar o dedo para os lados. Agora peça para dobrar para cima e segurá-lo. Agora tentar endireitar o dedo e diga ao paciente para resistir a sua ação de resistência.

• T1 (abdutor digiti minimi) – Segurar a mão do paciente e pedir que ele tente mover o dedo mindinho para fora. Sinta a presença de movimentação. Agora peça ao paciente para tentar mover o dedo para fora e manter lá. À seguir teste a resistência contra a resistência, opondo-se ao movimento do V dedo.

• L2 (iliopsoas) – Com o paciente em decúbito dorsal, dobre a coxa do paciente para a barriga. Peça ao paciente para refazer o moviemtno e sinta a movimentação. Levante a coxa da cama para evitar a fricção e em posição neutra peça ao paciente para dobrar as coxas até 90 graus e segurar lá. Se possível, estabilize a outra coxa e pressione o lado a ser testado para avaliar a força contra resistência.

• L3 (quadríceps) – levante a perna da cama para evitar atrito e em peça ao paciente para estender o joelho e segurar lá. Agora tente empurrar o joelho para baixo,e avalie a movimentação contra resistência.

• L4 (dorsiflexores do tornozelo) - pedir ao paciente para pôr o pé em direção ao joelho.pedir ao paciente para repetir o movimento e segurar o pé na posição. agora empurre para baixo o tornozelo para avaliação do movimento contra resistência.

• L5 (extensor longo do Hálux) – Peça para o paciente trazer Hálux em direção ao joelho. Agora peça que o segure lá, e, em seguida empurre para baixo o dedo do pé, apoiando o tornozelo e testando contra resistência.

• S1 (flexores plantares) – pedir ao paciente para pressionar o pé em direção ao chão, como num acelerador. Agora fletir a coxa para o abdome e fletir a perna sobre a coxa para descansar o pé sobre a cama. Pedir ao paciente para levantar o calcanhar para fora da cama. Por último pedir ao paciente para pressionar para baixo em sua mão como um acelerador.
dermatomosniveis

Alternativa assinalada no gabarito da banca organizadora: B

Alternativa que indico após analisar: B.

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