Faculdade Mario Schenberg

terça-feira, 19 de março de 2013

MEMBROS AMPUTADOS E REIMPLANTE - QUANDO É POSSÍVEL, CUIDADOS E PÓS OPERATÓRIO

Entenda a diferença entre reimplante e revascularização, quando é possível fazer o reimplante de membros amputados, os cuidados e o como é o pós-operatório Especialistas do departamento de ortopedia e reumatologia do hospital Albert Einstein de São Paulo explicam que a diferença entre reimplante e revascularização é que um é um procedimento cirúrgico de reconstrução de artérias, veias e demais estruturas de um segmento amputado de forma completa, já o outro é a reconstrução vascular e de outras estruturas em amputações incompletas. Ambos restabelecem o fluxo sanguíneo e a função da parte amputada. Segundo publicação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o primeiro reimplante realizado, com sucesso, foi relatado por Malt e McKhann (1964) conseguindo reimplantar um braço amputado ao nível proximal do úmero, em uma criança de 12 anos de idade, em 1962. Em 1968 Komatsu e Tamai realizaram o primeiro reimplante de polegar utilizando técnica microcirúrgica. Desde esta época, vários centros de tratamento de pacientes vítimas de amputações e revascularizações surgiram no mundo todo, realizando uma grande série de procedimentos cirúrgicos. Cuidados Todo paciente vítima de uma amputação é candidato potencial ao procedimento de reimplante ou revascularização. Para que haja chance de sucesso, alguns procedimentos básicos devem ser observados e praticados segundo ensina a Publicação Oficial do Instituto de Ortopedia e Traumatologia Dr. F. E. de Godoy Moreira da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo redigida pelos professores Rames Mattar Junior, professor livre docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e chefe do Grupo de Mão do Departamento de Ortopedia e Traumatologia, também desta Faculdade, e pelo professor Ronaldo J. Azze, professor titular do Departamento de Ortopedia e Traumatologia também da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A parte amputada deve ser limpa o mais rapidamente possível. O ideal é lavar a parte amputada com substância antiséptica, protegendo a parte em que há sangramento, seguida de irrigação com uma grande quantidade de soro fisiológico. Nesta fase, o desbridamento, isto é, a remoção do tecido necrosado, não deve ser realizado. Todo tecido deve ser preservado e apenas o cirurgião que irá realizar a reconstrução deverá decidir sobre a ressecção dos tecidos desvitalizados e contaminados. O segmento amputado, após a limpeza, deverá ser envolvido em uma compressa estéril (ou similar), embebida em soro fisiológico, e colocado em um saco plástico estéril (ou similar). O saco plástico contendo o segmento amputado deverá ser colocado em um recipiente capaz de manter baixas temperaturas (geladeira de isopor ou similar) contendo cubos de gelo. O objetivo é manter o segmento amputado em hipotermia (cerca de 4º Celcius), sem contato direto com o gelo, que poderia causar uma queimadura. Hoje evita-se mergulhá-lo em soro fisiológico, que pode causar maceração ou amolecimento da pele. O segmento proximal ou a outra parte da onde se teve a parte amputada, deve ser lavado, o mais precocemente possível, deixando a limpeza da parte necrosada para ser realizada no momento da cirurgia reconstrutiva. Normalmente o sangramento pode ser controlado através de curativos compressivos. Indicações dos reimplantes Cada paciente vítima de amputação ou devascularização traumática deve ser analisado individualmente. E sempre é considerado que o maior objetivo da cirurgia reconstrutiva é a obtenção de uma extremidade viável e funcional. Segundo o Dr. Rames Mattar, ortopedista e cirurgião do hospital Albert Einstein, alguns fatores podem influenciar no resultado da cirurgia, como idade, motivação, profissão do paciente, tempo de isquemia (tempo em que a parte amputada fica sem circulação sanguínea), doenças associadas e condições locais dos tecidos. Uma isquemia em temperatura ambiente (ou normotérmica) por período prolongado pode inviabilizar um reimplante, visto que o tecido muscular pode sofrer necrose após cerca de três horas de isquemia. "Um processo de hipotermia protege os tecidos de tal forma que, em amputações de braço, pode-se tolerar até 6 horas de isquemia; e nas de dedos, o tempo máximo pode chegar a até 24 horas", afirma o médico. Pós-operatório O paciente precisa seguir alguns cuidados no pós-operatório para o sucesso da cirurgia, como, por exemplo, manter o membro elevado até a redução do edema, fazer controle da perfusão sanguínea (circulação do sangue), antibioticoterapia e reabilitação por profissional especializado. "É muito importante manter o paciente com a circulação sanguínea estável, pois a baixa pressão arterial é uma causa importante de trombose", explica o médico. As principais complicações que podem ocorrer em casos de reimplantes são tromboses, sagramentos, infecções e necroses (óssea, muscular, cutânea). "A reabilitação deve ser orientada pelo cirurgião e realizada por profissional especializado. Deve ser baseada na evolução clínica e nas condições anatômicas das diversas estruturas. A movimentação deve ser iniciada o quanto antes, evitando agredir vasos, artérias, tendões, músculos e ossos. A reabilitação precoce previne a rigidez e as aderências", finaliza Mattar. Fonte: Revista Saúde

Nenhum comentário:

Postar um comentário