Faculdade Mario Schenberg

segunda-feira, 25 de março de 2013

FORTALECIMENTO MUSCULAR



Uma meta importante que pode ser alcançada através do exercício terapêutico é o desenvolvimento, melhora ou manutenção da força. Força é a habilidade que tem um músculo ou grupo muscular para desenvolver tensão e força, resultantes em um esforço máximo, tanto dinamicamente quanto estaticamente em relação ás demandas feitas a ele.

Definições:
-Barbanti (1979) define força muscular como a capacidade de exercer tensão muscular contra uma resistência, envolvendo fatores mecânicos e fisiológicos que determinam a força em algum movimento particular.
-Para Guedes (1997) força é a capacidade de exercer tensão muscular contra uma resistência, superando, sustentando ou cedendo à mesma.
-Zatsiorsky (1999),sugere que força é a medida instantânea da interação entre dois corpos. Devido a essas várias definições de força muscular, Weineck (1999) define força quanto às suas manifestações em força máxima, força explosiva e força de resistência.
-Kisner (1996), força é a habilidade que tem um músculo ou grupo muscular para desenvolver tensão e força resultantes em um esforço máximo, tanto dinamicamente quanto estaticamente, em relação ás demandas feitas a ele.

Força máxima: É a maior força que o sistema neuromuscular pode mobilizar através de uma contração máxima voluntária, ocorrendo dinâmica ou não(estática) no movimento articular (Weineck, 1999; Platonov & Bulatova, 1998).
Força explosiva: È definida como a força produzida na unidade de tempo (Zatsiorsky,1999; Badillo & Ayestäran,2001).
Força de resistência: È a capacidade do sistema neuromuscular sustentar níveis de força moderado por intervalos de tempo prolongado (Weineck,1999; Platonov & Bulatova,1998; Guedes,1997).

À medida que um músculo se contrai e desenvolve tensão, ele exerce uma força, a quantidade de força produzida depende de uma variedade de fatores biomecânicos, fisiológicos e neuromusculares.

Fatores que influenciam a força do músculo normal;
- Área de secção transversa do músculo, quanto mais largo o diâmetro maior a força.
- Relação entre comprimento e tensão de um músculo no momento da contração, um músculo produz uma tensão maior quando esta levemente alongado no momento da contração.
- Recrutamento de unidades motoras, quanto maior o número de unidades motoras ativadas, maior a força produzida.
- Tipo de contração muscular, um músculo produz o maior rendimento de força quando se contrai excentricamente(alongando-se) contra resistência, o músculo produz um pouco menos força quando se contrai isométricamente(sustentando) e a menor força quando se contrai concentricamente(encurtando-se) contra uma carga.
- Distribuição dos tipos de fibra muscular, as características das fibras de um determinado músculo contribuem para inúmeras propriedades contráteis tais como força, resistência á fadiga, potência e velocidade. As fibras do tipo II A e B(rápidas) tem habilidade para gerar grande quantidade de tensão, mas fadigam-se rapidamente. As fibras do tipo I (lentas) desenvolvem menos tensão e o fazem mais lentamente que as fibras do tipo II, mas são mais resistentes á fadiga.
- Reservas energéticas e suprimento sanguíneo, um músculo requer fontes de energia adequadas (combustível) para contrair-se, gerar tensão, e resistir á fadiga. O tipo de fibra predominante encontrado no músculo e a adequação do suprimento sanguíneo que transporta oxigênio e nutrientes para o músculo, afetam a capacidade de um músculo de produzir tensão e sua habilidade para resistir a fadiga.
-Velocidade de contração, os maiores torques são produzidos em velocidades baixas, provavelmente devido a maior oportunidade de recrutamento.
- Motivação do paciente, um paciente precisa estar motivado para fazer um esforço máximo.
Fisiologia

-Hipertrofia; É o aumento do tamanho da fibra muscular ou crescimento de uma célula, órgão ou tecido. Neste caso não há aumento no número de células, há o aumento na secção transversa do músculo, ou seja, aumento no tamanho e no número de filamentos de actina e miosina e adição de sarcômeros dentro das fibras musculares já existentes.

-Hiperplasia; É o crescimento por aumento do número de células no músculo. Esse aumento do número de fibras musculares é chamado de hiperplasia fibrilar, quando ocorre, seu mecanismo é a divisão linear das fibras previamente aumentadas.

Tipos de Fibras

Tipo I = contração lenta, resistente á fadiga, com predomínio em musculatura tônica.
Tipo II A = intermediárias(mistas), resistentes á fadiga e contração moderada.
Tipo II B = contrações rápidas, baixa resistência á fadiga, com predomínio em musculatura fásica.

Tipos de contração muscular

Isométrica; Ocorre quando o músculo se contrai, produzindo força sem mudar o seu comprimento. O músculo se contrai, mas nenhum movimento ocorre. O ângulo da articulação não muda. É indicada para pessoas sem condicionamento, P.O. diversos, imobilizações entre outros.

Isotônica; È caracterizada pela alteração do comprimento muscular, onde a força excede a resistência provocando um movimento. Dividida em;
-Concêntrica; ocorre quando há movimento articular, o músculo encurta e as fixações musculares se movem aproximando origem da inserção.
-Excêntrica; Ocorre quando há movimento articular, mas o músculo parece se alongar, quer dizer a distanciando origem da inserção.

Isocinética; É a força gerada pelo músculo ao se encurtar com velocidade constante, teoricamente é máxima durante toda a amplitude do movimento (Fox, 2000). O trabalho com esse tipo de contração normalmente exige um equipamento especial criado para permitir uma velocidade constante de contração, não importando a carga.

Cadeias Cinéticas podem ser Abertas ou Fechadas.

-Cadeia Cinética Aberta; Um movimento em CCA é definido como aquele que ocorre quando o segmento distal de uma extremidade move-se livremente no espaço, resultando no movimento isolado de uma articulação, sendo indicado quando a sustentação do peso está contraindicada. Exemplos de atividades em CCA; a perna se movimentando na fase de balanço da marcha, o ato de chutar uma bola, o aceno de mão ou o ato de levar um copo a boca.

-Cadeia Cinética Fechada; Um movimento em CCF é definido como aquele nas quais as articulações terminais encontram resistência externa considerável a qual impede ou restringe sua movimentação livre, normalmente utiliza mais que uma articulação. Exemplos de atividades de CCF dos MMSS são; o exercício de flexão de braço, a utilização dos braços para se levantar de uma cadeira, o apoio dos membros superiores durante a marcha com muletas. Exemplos de atividades de CCF dos MMII; descer escadas, leg press e agachamento. Este tipo de exercício ativa os mecanorreceptores que estão dentro e ao redor das articulações, estimula a co-contração muscular, e melhora a estabilidade, o equilíbrio e a coordenação.



Especificidade dos Exercícios. Sempre que possível os exercícios incorporados em um programa de treinamento devem imitar a função desejada, e a especificidade de treinamento deve também ser considerada por exemplo; tipo, velocidade, posição, e as alterações morfológicas dentro dos músculos assim como ao aprendizado motor e adaptação neural ao estímulo do treinamento.

Exercícios Pliométricos; Consistem na rápida desaceleração dos músculos que criam um ciclo de alongamento e contração, que combina força e velocidade para produzir potência. Os exercícios treinam os músculos, tecidos conectivos e sistema nervoso para passar efetivamente pelos ciclos de alongamento e contração, e assim melhorando o desempenho do atleta. Exercícios pliométricos iniciam com um rápido alongamento de um músculo (fase excêntrica), seguido de uma rápida contração do mesmo músculo (fase concêntrica), podem ser parte fundamental do treinamento em todos os eventos esportivos. Esportes mais competitivos requerem uma desaceleração do corpo seguida de aceleração quase imediata na direção oposta.

Exercícios resistidos
Consiste na realização de contrações de grupos musculares específicos contra alguma forma de resistência externa (manual, mecânica=pesos livres, máquinas e faixas elásticas ou o peso do próprio corpo). A principal vantagem desse método são as melhorias expressivas da aptidão física e qualidade de vida de diferentes populações, com o adequado controle das variáveis do movimento (posição e postura, velocidade de execução, amplitude do movimento, volume e intensidade)

Tipos de Resistência
-Exercício Resistido Manual; è um exercício ativo resistido pelo fisioterapeuta (mão), nesta técnica não há como medir a quantidade de resistência. É indicada em casos em que o músculo a ser fortalecido encontra-se enfraquecido, mas é capaz de vencer uma resistência leve, indicado também em casos onde a ADM da articulação a ser trabalhada necessita ser controlada.

-Exercício Resistido Mecânico; È um exercício ativo resistido por equipamento ou aparelhos mecânicos (faixas elásticas, pesos, etc.). Nesta técnica há como medir a quantidade de resistência e assim ir aumentando progressivamente. Indicada nos casos em que a resistência necessária for maior que a resistência manual.


Objetivos e indicações;
-Aumentar a força.
-Aumentar a resistência muscular á fadiga.
-Aumentar a potência muscular.
-Benefícios cardiovasculares.
-Reabilitação de traumatismo e lesões musculares ou articulares.
-Melhora do condicionamento físico.

Contra-indicação;
-Processos inflamatórios.
-Algias.
-Processos infecciosos.

Precauções;
-Osteoporose.
-Fadiga muscular.
-Dor associada ao exercício.
-Exercícios em impacto.
-Manobra de Valsalva.



Quantificação da força
Neste tipo de exercício físico, é comum a aplicação de testes que visam mensurar a força ou a resistência muscular, nesse sentido os testes mais aplicados para avaliar a força no treinamento resistido são os Testes de DeLorme e Watkins; para de 1RM=repetição máxima (carga mais elevada que a pessoa pode deslocar em uma tentativa), o qual apresenta maior risco de lesões, indicado para pessoas fisicamente treinadas, e o Teste de predição de 1RM, menos lesivo e utilizado em iniciantes ou indivíduos com algum tipo de limitação para deslocamento de cargas elevadas ou 10RM (determinava-se a carga máxima que a pessoa conseguisse mover em 10 repetições).


Programas de treinamento.
Variáveis;
  1. Aquecimento; alongamento, exercícios articulares, exercícios aeróbicos.
  2. Sobrecarga; baixa, média, alta.
  3. Tipo de contração muscular.
  4. Número de séries e de repetições.
  5. Quantas vezes por semana.
  6. Velocidade de execução dos exercícios.
  7. Posição do paciente ou do membro durante os exercícios.
  8. Amplitude de movimento, ADM.
  9. Duração do programa de exercícios.

Respeitar os limites de cada pessoa, adaptando os exercícios sempre que necessário.



Bibliografia.
Exercícios Terapêuticos, Kisner, C. 1996.

Um comentário:

  1. isso foi de grande importância nessa fase acadêmica que estou, muito obrigada.

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