Faculdade Mario Schenberg

terça-feira, 19 de março de 2013

CORRER DESCALÇO TAMBÉM PODE CAUSAR LESÕES

Evidências sem comprovação científica, algumas apresentadas por médicos, indicam que certas pessoas passam a ter dores e desenvolvem lesões totalmente diferentes ao aderir à corrida sem tênis. Quando o Dr. Douglas Brown, radiologista da cidade de Orem, Utah, observou o recente aumento no número corredores descalços com problemas nos pés e no calcanhar, eles se perguntou se haveria uma relação entre a corrida sem calçados e as dores nos pés. Mas como não encontrou estudos científicos que examinassem o assunto, Brown sugeriu a Sarah Ridge, professora de ciência do exercício da Universidade Brigham Young, em Provo, e estudiosa das lesões esportivas causadas por impacto, que realizasse um estudo sobre o tema. O estudo foi publicado mês passado no periódico Medicine & Science in Sports & Exercise e provavelmente aumentará a controvérsia em torno dos benefícios de se correr descalço ou com calçados minimalistas, espécie de sapatilha para corrida sem amortecimento. Correr descalço reduz o risco de ter dores e desenvolver lesões, como acreditam seus entusiastas? Ou correr descalço apenas contribui com o desenvolvimento de um grupo diferente de lesões em certos corredores? Para descobrir a resposta, Ridge iniciou sua pesquisa recrutando 36 corredores experientes, de ambos os sexos, que corriam de 24 a 48 quilômetros por semana usando tênis normais de corrida. Os participantes foram levados até Brown, que os submeteu a um exame inicial de ressonância magnética dos pés e da panturrilha, para verificar se tinham alguma lesão ou outro problema. As pessoas que acreditam na eficácia da corrida sem tênis geralmente chamam atenção para o fato de que, antes da invenção dos calçados, os seres humanos passaram milênios correndo e caminhando descalços. Eles argumentam que estar descalço é natural para o ser humano e que essa prática regeneraria lesões antigas, relacionadas ao uso dos tênis de corrida, e evitaria futuras lesões. Evidências sem comprovação científica, algumas apresentadas por médicos, indicam que certas pessoas passam a ter dores e desenvolvem lesões totalmente diferentes ao aderir à corrida sem tênis. De acordo com as ressonâncias magnéticas realizadas no início do estudo, as quais foram analisadas por diversos radiologistas, os pés e as panturrilhas dos voluntários estavam normais. O grupo foi dividido em dois: metade dos participantes deveria continuar correndo da forma como sempre correu, percorrendo a mesma distância e usando seu tênis habitual, e a outra metade recebeu um par de sapatilhas de cinco dedos Vibram, as quais eles deveriam incorporar ao treino gradualmente, usando-as ao longo de determinado percurso. Eles deveriam usar as sapatilhas para percorrer a distância de 1,6 quilômetros na primeira semana e 3,2 km e 4,8 km na segunda e na terceira semanas, respectivamente. Após esse período, eles poderiam usar as sapatilhas o quanto quisessem – essa era a recomendação no site da Vibram em 2011, quando o estudo foi realizado. Passadas 10 semanas, os dois grupos de corredores realizaram uma segunda ressonância magnética. Nenhum dos corredores apresentou lesões ou alterações nos tecidos da panturrilha, como o tendão de Aquiles. Mais da metade dos corredores que usaram as sapatilhas, porém, apresentaram sinais de início de lesões nos ossos dos pés. Especificamente, a maioria desenvolveu edema de medula óssea no osso do pé, um acúmulo de líquidos semelhante ao que ocorre nas contusões. Os radiologistas classificaram o edema usando uma escala de 0 a 4, em que 0 significava ausência de edema e 1 significava um pequeno dano ao osso causado pela simples movimentação e pela ação de levantar o pé. Edemas desse grau são evidências de salubridade, sinais de que o osso está respondendo ao treinamento e ficando mais forte. A maioria dos corredores do grupo de controle, os que usaram seus tênis habituais, teve edemas de nível 1 no pé todo. Mas a maioria dos corredores que usaram sapatilhas desenvolveu ao menos um edema de nível 2, 'o que indica uma lesão inicial de osso', afirmou Ridge, e três tinham sinais de um edema de osso mais extenso, de nível 3, que constitui uma lesão real. Dois tiveram até fraturas por estresse completas ou edemas de nível 4, uma mulher teve um edema no osso do calcanhar e um homem no metatarso, um dos ossos compridos do pé. Ao final de 10 semanas, quase todos os corredores que usaram as sapatilhas estavam correndo poucos quilômetros 'provavelmente porque sentiam dor no pé', afirmou Ridge. Não se sabe ao certo por que alguns corredores do grupo que usou as sapatilhas desenvolveram problemas sérios nos pés enquanto que outros não tiveram problema algum. Nesse momento, porém, Ridge está analisando dados adicionais sobre a distância percorrida pelos voluntários, sua forma de correr, peso corporal e outras variáveis. 'Esperamos verificar se alguns dos corredores, por razões biomecânicas ou outros fatores', parecem predispostos a desenvolver lesões nos pés ao mudar para a corrida sem tênis e 'talvez não devessem' passar a correr com as sapatilhas, afirmou. Ela espera ter feito descobertas para serem publicadas no terceiro trimestre deste ano. Esses resultados não são um sinal de que todas as pessoas que optam pelas sapatilhas ou por correr descalças estejam deixando brechas para lesões, afirmou Ridge. 'Mas eu diria a todas as pessoas que querem experimentar' correr sem o tênis normal 'para serem extremamente cautelosas durante o período de transição'. Em seu estudo, a substituição inicial do tênis de corrida habitual pelas sapatilhas durante apenas um quilômetro e meio 'foi provavelmente uma distância muito grande', afirmou. Por isso, vá com calma. Correr descalço pode ter sido natural para nossos antepassados, mas é uma experiência nova para nós, observa Ridge. Fonte: MSN

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